Se alguém tiver um guarda-pijamas, por favor avise que é para eu ficar cheia de inveja. Pode parecer estúpido mas um armário só para estas coisas devia ser obrigatório. Não percebo como é que nunca ninguém nos ensinou isto. Um pijama, camisa de noite, vestuário para ir dormir, ou como se queira chamar, não é assim uma peça tão simples de escolher e está sempre carregadinha de significados. O acto de o usar depende muito da circunstância. Até aqui, tudo parece óbvio. Agora a forma como o usamos e sentimos é outra história completamente diferente.
Eu aprendi a não gostar de estar num pijama qualquer na minha vida adulta, a dois. No entanto, sempre que chego à casa da minha infância, não abdico de tomar o pequeno almoço nesses preparos, tal como fazem os meus pais e tal como tenho a certeza que fariam os meus irmãos, se pudessem lá ficar quando passo os fins de semana com todos. Numa escapadela com amigas que não se vêem há muito tempo, o pijama tem de ser confortável para poder resistir às gargalhadas, às noites sem fim de conversa, ao fumo dos cigarros e às trocas inevitáveis de roupa que inevitavelmente se irão fazer. A camisa de noite que mostramos aos nossos filhos quando eles acordam com um pesadelo a meio da noite, geralmente esconde a outra maravilhosa de renda com que seduzimos o nosso marido antes de deitar. E a roupa para dormir que levamos numa viagem de trabalho muitas vezes é o descontrair de tudo isto porque finalmente estamos sozinhas e podemos usar as calças mais moles do universo e a t-shirt que não conseguimos deitar fora porque é a que comprámos na primeira viagem a NY há 20 anos e embora já tenha um buraco pequeno do ferro na gola continua a ser a mais bonita do mundo... mas apenas para quando estamos connosco.
Não deixam de ser maravilhosas estas mil e uma maneiras de sentir um pijama. Eu, gosto especialmente de duas. A primeira é a dos regressos à minha família de origem. Tem o poder de me fazer sentir filha de novo e traz à memória a escolha difícil entre os papo-secos feitos em forno de lenha e as arrofadas a babar de manteiga e côco. A segunda é quando ele olha para mim de manhã e, sem reparar que tudo o que tenho é novo e foi comprado de propósito, me diz: não sei o que fazes, nem como o fazes mas és linda... és mesmo linda.
1 comentário:
Um armário só para pijamas não tenho... mas também não tenho assim tantos pijamas para ocupar um armário. Mas tenho uma Gaveta só para pijamas!
Como me identifiquei com este texto.
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