quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

niebla del riachuelo

Eu disse que ia ficar muda mas não consigo. Não consigo por razões de trabalho mas sobretudo não consigo por causa de ontem. A música tem este poder de alegria e de preenchimento, mais ainda quando temos a sorte que um espectáculo maravilhoso, termine com uma das nossas músicas preferidas. Gracias, Diego, por Niebla del Riachuelo. Y gracias a tí, mi amor, por este regalo.



Turbio fondeadero donde van a recalar,
barcos que en el muelle para siempre han de quedar...
Sombras que se alargan en la noche del dolor;
náufragos del mundo que han perdido el corazón...
Puentes y cordajes donde el viento viene a aullar,
barcos carboneros que jamás han de zarpar...
Torvo cementerio de las naves que al morir,
sueñan sin embargo que hacia el mar han de partir...

¡Niebla del Riachuelo!..
Amarrado al recuerdo
yo sigo esperando...
¡Niebla del Riachuelo!...
De ese amor, para siempre,
me vas alejando...
Nunca más volvió,
nunca más la vi,
nunca más su voz nombró mi nombre junto a mí...
esa misma voz que dijo: "¡Adiós!".

Sueña, marinero, con tu viejo bergantín,
bebe tus nostalgias en el sordo cafetín...
Llueve sobre el puerto, mientras tanto mi canción;
llueve lentamente sobre tu desolación...
Anclas que ya nunca, nunca más, han de levar,
bordas de lanchones sin amarras que soltar...
Triste caravana sin destino ni ilusión,
como un barco preso en la "botella del figón"...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

diego



Hoje é noite de Diego el Cigala. Lá estarei no CCB, com um bilhete que foi um dos meus presentes do dia 21. Estou a preparar-me para os arrepios, o cante jondo emociona-me sempre. Amanhã não garanto não estar muda.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

saco de boxe

Tens que ter cuidado com o que escreves, disse ele, certa vez, nunca sabes quem poderá estar a ler-te. A mulher encolhera os ombros e continuara com o que estava a fazer. Mas, ontem, alguém dissera o mesmo e aí ela não encolheu os ombros. Numa voz tranquila, sem esconder o tom, para quem a quisesse ouvir (pouco lhe importava), disse:
Este é um dos meus espaços de liberdade e a ninguém, mas absolutamente a ninguém, dou o direito da interferência. Escrever antecipando quem possa por uma eventualidade ridícula estar a ler-me?! Esse não é o propósito e acho que nunca conseguirei fazê-lo dessa forma, aliás, não quero. E se alguém ler e não gostar, temos pena. Aquilo que escrevo no dia-à-dia, por causa da minha profissão, já sofre demasiadas transformações; porém, isso são ossos do ofício que escolhi. Agora, aqui?! Nem pensar. Esta é a minha ginástica; no meu saco de boxe ninguém toca.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

relaxing at otis bay


Depois de uma semana danada de boa é só isto que me apetece ouvir e dedicar a todas as pessoas que foram imensamente gentis comigo, família, amigos verdadeiros e tantos outros. Thank ya all.



Sittin' in the mornin' sun
I'll be sittin' when the evenin' come
Watching the ships roll in
And then I watch 'em roll away again, yeah

I'm sittin' on the dock of the bay
Watching the tide roll away
Ooo, I'm just sittin' on the dock of the bay
Wastin' time

I left my home in Georgia
Headed for the 'Frisco bay
'Cause I've had nothing to live for
And look like nothin's gonna come my way

So I'm just gonna sit on the dock of the bay
Watching the tide roll away
Ooo, I'm sittin' on the dock of the bay
Wastin' time

Look like nothing's gonna change
Everything still remains the same
I can't do what ten people tell me to do
So I guess I'll remain the same, yes

Sittin' here resting my bones
And this loneliness won't leave me alone
It's two thousand miles I roamed
Just to make this dock my home

Now, I'm just gonna sit at the dock of the bay
Watching the tide roll away
Oooo-wee, sittin' on the dock of the bay
Wastin' time

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

muppets for me



(a culpa disto é do Eduardo Igrejas que me fez rir tanto com este vídeo que achei perfeitamente apropriado colocá-lo aqui hoje. Ainda não sei se me identifico mais com o sweedish cook ou com o animal, porque a senhora certamente não sou: hoje É MESMO o meu dia de aniversário.)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

street wizard

Bansky e Dorothy, versão século XXI. Este homem faz-me sempre pensar.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

madrid

Árvores brancas sobressaindo de telhados nevados. O cheiro intenso a Ducados. A minha avó Carmen preparando chocolate quente com vagar, enquanto os netos aguardam, impacientes, a chegada dos churros. O abuelo Jesus, elegante e perfumado no seu metro e oitenta e muitos, passeando no Retiro e contando as mil histórias que moram na sua vida. A minha mãe de olhos brilhantes por estar de volta ao seu lugar...
Um dia em Madrid e regressam tantas lembranças da infância. 
A memória é uma coisa tramada. Tramada na nostalgia linda que se instala para todo o sempre no coração, num misto de alegria com pontos pequeninos de dor.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

raydance



Amanhã vou dançar e este música era perfeita para o estado de espírito. 
Tenham um bom fim de semana.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

a plasticina do tempo

A mulher correu, correu, correu. As meias horas esticaram como se fossem dias, teve tempo para tudo, para o trabalho, para os carinhos, para voltar a correr, para novos mimos, teve tempo para se irritar ao telefone, para se desirritar e regressar ao normal, para receber uma flor, dar conselhos e receber, sorrir, rir, e ainda alegrar-se com uma suposta chegada da Primavera.
Tinha sido um dia estranhamente comprido e agradável. O tempo, qual plasticina, tinha-se curvado, distendido e moldado exactamente à medida do dia que ela precisara. 
Agradeceu.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

fim


Acabei hoje de ler Cloud Atlas. Se o filme já me tinha deixado em silêncio, o livro é um verdadeiro murro no estômago. Como diz uma amiga, leitora inveterada e escritora, é verdadeiramente um daqueles que nos fazem sair da famosa zona de conforto. Além disso, o senhor (David Mitchell), escreve muitíssimo bem, alternando diferentes estilos de prosa e imaginação, bem difíceis de alcançar. Deixo-o com pena e com todas as consequências de reflexão que nos deixam, em geral, todas as obras perturbadoras. Se tiverem coragem de ver a raça humana (e, em especial, a branca) como a mais predadora de todas as raças, ao ponto de se poder aniquilar a si mesma, leiam-no. Se não, fiquem-se pelo comprimido mais alienante da existência, em jeito de Matrix 'Unloaded'.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

house of cards



House of Cards juntou-se, na semana passada, ao meu conjunto de séries favoritas. Repleta de bons actores e com realizadores do melhor que há (David Fincher dirigiu os dois primeiros, James Foley o terceiro), é para já, a não perder. Um aviso...? Não é para meninos, nem para pessoas ainda crédulas na possibilidade de que o poder e a política possam estar de mãos dadas com o o altruísmo, ou o bem dos outros. Nada disso. House of Cards é dureza pura, manipulação e frieza absoluta na gestão de hidden agendas, as características dominantes dos protagonistas e do seu percurso. Não sobra nada nem ninguém que se possa atravessar no caminho. É terrível mas faz-nos cair na realidade. No meu caso, como sou crédula, espero pelo castigo, pela redenção e vitória do bem, tendo consciência de que talvez nunca lá se chegue. Mas nem que seja pelo mero exercício académico da observação das interpretações excelentes, dos recursos surpreendentes de diálogo do personagem principal com o espectador (que nos faz cúmplices do primeiro, não nos enganemos) e da maneira brilhante como está escrita, vale muito a pena. Fiquem com o aperitivo do trailer, sem mais comentários.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

frases brutais II

(...) É um ciclo tão antigo como o do tribalismo. No princípio só há ignorância. A ignorância gera o medo. O medo gera o ódio e o ódio gera a violência. A violência cria mais violência, até que a única vontade que existe é a vontade dos mais poderosos. (...)

Diálogo entre Somni -  451 e o Arquivista
David Mitchell in Cloud Atlas

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

we're all passengers



Nesta vida, somos todos passageiros. Passageiros de momentos, passageiros de sensações, passageiros na participação, passageiros na importância. A vida é um comboio de alta velocidade no qual é possível gozar cada quilómetro, decidir se observamos quem se senta ao nosso lado, se estabelecemos uma relação ou nem sequer dirigimos o olhar, deixar partir muitos em liberdade, interferir no rumo da carruagem. Porém, temos apenas essa importância, em tudo o resto, somos apenas passageiros.

(Obrigada Eduardo, pela sugestão do vídeo!)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

frases brutais

O tempo é o que impede a história de acontecer toda ao mesmo tempo; o tempo é a velocidade a que o passado desaparece.

Diálogo entre Somni -  451 e o Arquivista
David Mitchell in Cloud Atlas

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Tomás



... E o meu filho mais velho, Tomás, deu-me esta delicadeza. Estas são as noites que me deixam sem palavras.

Vicente

Māe, tu tens o fundo do meu coração, disse-me o meu filho Vicente, de 3 anos. 
Querem que vos diga o quê? São estas as coisas que verdadeiramente fazem a vida. 
O resto, é apenas passagem. Ou mesmo, paisagem.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

um cliché


É mesmo. Mas há clichés que deveriam ser regras de vida, pena é que tenham sido banalizados por algum esoterismo barato. Este é um deles.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

somerset dixit


Começa daqui a nada o meu refúgio. Se puderem, façam o mesmo. Bom fim de semana.

(Mais uma vez, a imagem foi roubada à Patrícia Reis. Obrigada, Pat, por estas coisas e mais algumas.)