sexta-feira, 30 de novembro de 2012

5, 4, 3,...


5, 4, 3, 2, 1, 0... Câmaras, Luzes, Acção... comece o Natal. Vou colocar fantasia e estrelas em casa, vou visitar a magia nas ruas. Assim vai ser o meu fim de semana. Não quero mais nada.

(obrigada Alexandra Ribeiro, pela foto)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

poder celular

O corpo não responde. A cabeça também não. Mais vale a pena aceitar os arrepios e, por um dia, assumir que as células exigem um pouco de descanso. Afinal, o organismo é sempre soberano e, quer queiramos, quer não, um dia acaba por mandar na vontade, na capacidade e ordena apenas sossego. Hoje é esse dia a 40%.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

o fio da indecência

A mulher desligou o telefone e pensou que no sistema de valores dela, na coluna vertebral dela, criada e sustentada pelas crenças dos pais, havia assuntos que não se resolviam por esse meio, que a decência e a coragem concorreriam para que fossem ditos cara-a-cara, com frontalidade e não a coberto de um fio telefónico.
A mulher teve um momento de compaixão por si própria; mas dez minutos depois, desejou boa sorte ao desalmado e devagarinho procurou dizer adeus de maneira a orientar a sua atenção para a frente. Afinal, não havia outro caminho.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

never say never

Defender penalties, é a expressāo que o meu marido usa para dias especialmente complicados. Até posso concordar mas confesso que me enerva nāo ter o mesmo tipo de retorno. Nunca pensei comparar-me a um jogador de futebol. Pode ser que suba à primeira divisāo depois de tanto esforço.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

tudo a seu tempo

Ouço-te com uma voz cansada...

Disse a amiga, do outro lado do éter telefónico.
A mulher desculpou-se com o trabalho, deu uma cambalhota verbal e procurou retirar importância ao conteúdo da pergunta, falando do entusiasmo do projecto em curso. Mas a pergunta mais difícil veio depois

E as tuas escritas...?

A mulher engasgou; foi nesse momento que sentiu o peso das frases não ditas, das histórias não contadas, da saudade de se entregar de alma e coração a personagens nascidos sabe-Deus-de-onde, nascendo, vivendo e morrendo com eles.
Conhecendo o significado do seu silêncio, a amiga rematou:

Tem calma. Tudo tem o seu tempo. 

A mulher ficou sem calma ou com a inquietação renascida. Já era um começo.

domingo, 18 de novembro de 2012

obrigada múltiplo

Era sexta-feira. A mulher encontrou conhecidos, trocou beijos e cumprimentos. A nota mais importante foi o queixume de todos da sua ausência na escrita. Sentindo-se quentinha por dentro, a mulher pensou como era bom ser lida, sobretudo como era bom os manifestos da sua falta de palavras no blog que era a sua disciplina diária. Achou então que todos mereciam a sua atenção e resolveu explicar que por razões de trabalho estaria fora até dia 21. 
Obrigada a todos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

domingo em madagáscar

O miúdo mais velho estava com o pai. O mais novo, estava cansado de um sábado demasiado cheio de actividade. O dia estava solarengo mas frio. Decidimos ficar por casa, aproveitar o quentinho e brincar. Foi um domingo em cheio que culminou com Madagáscar 3. Não sei quem vibra mais, aliás nunca soube, se era eu ou os miúdos. O que sei é que adoro esta coisa do Outono, agarrados no sofá, entre petiscos simples como bolachas e pipocas, as mãos dadas, colo, e filmes que me divertem e comovem, passem eles as vezes que passarem e, em muitos casos, seja qual for a medida da sua antiguidade. Chama-se nunca deixar de ser criança ou talvez seja eu que prefira acreditar nisso.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

desarticulada

Tenham um bom fim de semana que eu não consigo articular mais.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

simplicidade

E de repente, veio a pausa, o intervalo, a paragem. A mulher, à espera de respostas, ficou parada, algo desconhecido nos últimos meses. Pensou em arrumar gavetas ou papelada chata mas achou que tinha direito a melhor. Um café e um pastel de nata:; muito fácil, económico e bom. É um facto: vida está cheia de soluções simples.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

desprogramar

O professor de Pilates usou metáforas perfeitas. Pelo menos para ela, que conseguia transportar para a transparência do nada, as palavras em imagens. Ele falou em desprogramar, e ela gostou da ideia,apreciou um novo verbo no seu léxico corporal, sobretudo porque confiava que seria para melhor. O corpo dela foi reagindo, obedecendo às indicações precisas dele. Ela compreendeu a existência de mais músculos e a possibilidade de respirar e reagir de forma diferente. Des-programação tinha tudo a ver com ela. A mulher sorriu para dentro e, pela primeira vez em muitas semanas, nessa noite dormiu sem que o corpo se queixasse.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

a importância dos finais

Um dos maiores prazeres de um fim de semana longo é entregar-me à leitura das palavras que formam as histórias que nasceram da cabeça de outrem.
Assim foi nos quatro dias do feriado; entre um pouco de chuva, paisagens desconhecidas e a companhia da família, entrei de cabeça na Ferrugem Americana de Philipp Meyer. Uma história triste, muito triste mesmo, talvez um pouco longe do que eu precisava nesses dias. Mas, como diz a minha amiga Patrícia, por vezes é bom sair da velha zona de conforto. Mergulhei nas páginas, como sempre envolvi-me demasiado na trama, ficando melancólica, por vezes algo deprimida com a (má) sorte dos personagens. O livro vai num crescendo dramático que por vezes lembra as obras mais pungentes de Steinbeck. Ao chegar perto do fim, estava sem fôlego, receando pelo destino de todos aqueles que sempre imagino com demasiada realidade. Contudo, confesso que o final me desconcertou. Pareceu-me um pouco à pressa, resolvido demasiado rápido, quase demasiado happy ending (se é que se pode classificar assim) para um desespero tão longo. Quem sou eu para opinar? Ninguém. Mas foi o que senti. Ao contrário do que imaginava, não será um dos meus livros de 2012. Os finais são tão importantes como os princípios, na minha óptica. Fico defraudada quando uma obra me agarra pelos colarinhos e depois me larga num beijo rápido e sensaborão.