sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Hit the road, jack

Vou fazer-me à estrada e visitar aqueles de que mais gosto. Ainda tenho de fazer malas. Brrr. até segunda!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Desautorizar a vida

Chegou ao escritório. O senhor do pátio avisou

- Cortaram-lhe a luz...!!!

Vociferou, condenou-se mil vezes pelo esquecimento da factura perdida entre o correio electrónico, ligou para a companhia na esperança de encontrar um herói-facilitador, perdeu a esperança, resignou-se, voltou a descer as escadas da garagem, pegou no carro, engoliu três camiões que travaram o trânsito, pagou a conta, a taxa-multa, voltou para o escritório, pediu aos vizinhos para lhe deixarem carregar o portátil, encheu-se de fé nos técnicos que certamente voltariam a dar-lhe luz 'muito em breve'.

São cinco da tarde e nada aconteceu.
Irritada, já quase sem bateria (novamente) no portátil e sem possibilidade de ligar qualquer candeeiro, resolveu que em certos dias era bom desafiar todos os limites da vida em vez de a autorizar a esticar o nosso. Então, correndo todos os perigos de perder cada uma ou todas das muitas palavras, escreveu este texto e no final exclamou para si própria:

- Vive La Résistance!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Acreditem

É preciso semear para colher. Esta é a minha máxima para o dia de hoje. E, se possível, uma mensagem de esperança para todos aqueles que possam encontrar-se agora como eu muitas vezes me encontrei, sem saber para onde ir. A minha colheita começou. Vale a pena acreditar. Acreditem.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Encarnando Amelia

Perdoem-me pela ausência mas eu avisei que o facto de fazer anos me deslocava deste mundo. Assim foi, pelo menos desde quarta-feira. Devo confessar que tive de me esforçar muito para pensar noutras coisas que não a magnífica festa de aniversário que preparei para os meus amigos, juntamente com outro ser que, tal como eu faz anos nesse dia e que tal como eu vive de forma disparatadamente feliz essa ocasião. Foi no sábado com praticamente toda a gente revivendo La Résistance, muita música e muito boa energia, apesar do dilúvio que parecia querer fazer-nos desistir. Pela minha parte, vesti-me de Amelia Earhart e ainda estou a despir o personagem... 45, já cá contam. Para o ano haverá mais. Pela certa!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O camaleão

De que é que nos vestimos hoje? Qual o personagem? Não importa. A roupa é mesmo uma caracterização de todos os dias. Daquilo que somos, do que gostaríamos de ser, da brincadeira de vestir uma figura ou simplesmente despir a nossa de todos os dias e ser outra parte de nós, mais escondida, mais ousada, mais tranquila, mais o que fôr. Sou mesmo assim, gosto de me ver como um camaleão. Por isso nunca usei sempre o mesmo corte de cabelo, não repito modelos de calças, não me agarro à moda do-que-tem-de-ser-esta-estação. É muito mais divertido; porque afinal, o que é esta vida sem diversão?

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Afinal sou mesmo chinelo no pé

Sempre disse e digo que gosto das quatro estações. Não especialmente as de Vivaldi (se calhar por terem sido demasiado conspurcadas em sessões eruditíssimas de elevador ou chamada em espera de médico) mas as reais, aquelas do tempo, mesmo. No entanto, à medida que os anos passam, convenço-me cada vez mais que talvez me esteja a transformar em urso e por isso precisasse mesmo de hibernar, sobretudo em Outonos e Invernos tão rigorosos quanto este. Admito: estou completamente farta deste frio e chuva que me tolhem os movimentos, me entristecem a alma e roubam a minha energia transformando-me num ser mais preguiçoso do que o habitual. Quero acordar descansada, cheia de vigor, saltar da cama,ter vontade de respirar o ar lá fora e despir estas mil camadas de roupa que não têm nada a ver comigo. Que é que querem, afinal sou mesmo é chinelo no pé.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O prémio

O meu filho mais velho está a pontos de ganhar, pela segunda vez na vida, o prémio literário da sua escola, Instituto Español Giner de los Rios. Não conheço o conto que escreveu, sei apenas o mote que lhes deram, mais nada. Reservado como é nestas coisas e tímido nos sucessos, matou o assunto dizendo "depois, quando sair, lês, mãe". Seria portanto fácil usar aqui o clichée "quem sai aos seus, não degenera" mas eu não posso nem me apetece dizer isso. Ele é (e tem tudo para ser) muito melhor do que eu. E vai-me matar quando souber que eu escrevi isto.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

De máscara azul

O bebé, baralhado, olha para mim, sem perceber porque uso uma máscara azul que me tapa a cara do nariz ao queixo. Graças a Deus, é bebé, a sua (esperemos que para sempre) infinita capacidade de se maravilhar, dá uma ajudinha e disfarça a ausência de beijos e carinhos na face, tão meus característicos. Mas hoje é preciso. Os sintomas de ontem eram um prenúncio. Afinal, de gripe, mesmo. Entre os estados de sonolência que pedem estiramento ao corpo, aproveito para devorar o meu livro. Valha-me isso.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Será prenúncio?

Arranha a garganta. O nariz parece um tampão. A cabeça, apertada como se envolta numa daquelas máscaras tremebundas de Dr. Hannibal Lecter. Gripe? Nã. Alergia, mesmo. Da grossa. Se for prenúncio, anúncio, chamada ou pressentimento de Primavera, por favor, quero lá saber, venham mais duas!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Mais de 24

Hoje o dia teve mais de 24 horas. Sinto-me realizada, embora a pontos de crashar. Shut down.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Quatro passos para uma vida inteira

O bebé, julgando-se protegido, descolou-se das pernas da adulta e andou quatro passos bem contados. Percebendo a sensação de leveza do ar, a ausência de mão firme nas costas, assustou-se e deixou cair o corpo sobre a fralda amortecedora. Olhou para trás em busca de conforto; a adulta parecia-lhe a muitos quilómetros de insegurança. Mas ela riu e bateu as palmas em sinal de aprovação. O bebé gritou de alegria e decidiu que não queria outra coisa para o resto do dia. À noite, esgotado, dormiu. Anjos de todos os tipos e feitios encheram-no de beijos e festas nos únicos lugares livres da sua face (que eram muito poucos). O bebé sorriu em sonhos e prometeu a si mesmo que, nem que fosse apenas por isso, voltaria a andar sozinho para sempre.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O "problema" e a "solução"

O Fim da Linha
Mário Crespo

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa.
Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”).
Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal.
Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos.
Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”.
Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.


(Este era o artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa. Não só não o foi como também, como já referi, desencadeou o fim da colaboração deste jornalista com o JN. Transcrevo-o aqui porque se penso que o homem também foi feito para sorrir, acredito que alguém lhe deu uma cabeça para pensar e contestar. E diz-se o nosso governo "socialista" e "defensor da liberdade"... deve ter, pela certa, um dicionário diferente do do resto do mundo.)

As ovelhas e o lobo

Primeiro foi a Manuela Moura Guedes. Depois o José Eduardo Moniz. A seguir o José Manuel Fernandes. E agora é o Mário Crespo que "cessa a sua colaboração" com o JN por incomodar o primeiro ministro. Nós continuamos a assistir, impávidos e amorfos. Se isto é uma democracia, vou ali e já venho. De preferência para o país ao lado que também é o meu, onde pelo menos os ânimos fervem e atacam. Até quando manteremos esta pose de ovelhas burras num rebanho assistindo impávidas à aproximação do lobo?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Quando será que as mulheres?

"Durante a minha vida assisti ou foram notícias, acontecimentos que marcaram o século passado. Muitos deles permanecerão na história por centenas ou milhares de anos.
A segunda guerra mundial, a queda do muro de Berlim, as independências de tantas colónias e povos subjugados, o progresso enorme dos transportes,da televisão e do ensino. Entre muitos outros. Mas até hoje, ainda não vi que as mulheres, em todos os domínios do ser humano, conquistassem o estatuto de igualdade plena em relação aos homens.
Vou viver mais uns vinte ou trinta anos, não se admirem, se cheguei até aqui dizem as estatísticas, que talvez passeie por cá mais esse tempo. Tenho esperança que as mulheres irão dentro em breve, ocupar o lugar que merecem e devem,na condução e nos destinos dos países onde nasceram.
Se elas têm sido bem capazes de suportar os homens; se têm sido e são capazes, ao contrário dos homens, de fazer várias coisas ao mesmo tempo; se se ocupam naquilo em que os homens não são capazes ou não desejam se ocupar; se continuam a ser capazes,de fazer e criar filhos, com prazer e em todas as condições : porque será que ainda se resignam às situações de favor na política e na resolução dos problemas do país ?
Para variar e sair deste marasmo,destes projectos genéricos e descomprometidos, só 33 por cento dos deputados,ministros,autarcas, poderiam ser homens. Ao contrário do que agora os nossos dirigentes, duma forma que se pretende generosa, concedem às mulheres. Seria o primeiro grande acontecimento do século XXI,a recordar por muitos anos.
Alternativa pior para Portugal, não seria com certeza.
Será que ainda teremos de esperar mais vinte ou trinta anos ?"

(Post escrito pelo meu pai, Alberto Quadros, no dia 26 de Janeiro deste ano. Tem o senhor 82 anos de idade física mas é certamente bastante mais novo de espírito que alguns jovens do sexo masculino que se passeiam por aí. Obrigada, pai.)