quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O meu dia está quase aí

No dia 21 de Fevereiro faço 45 anos. E como já disse pelo menos uma vez neste blog, adoro fazer anos que é o mesmo que dizer que acho que já falta muito pouco para o dia em que acordarei de um salto, direi a toda a gente que é o meu dia, e fantasiar-me-ei com um entusiasmo que roça o insuportável para a festa que estou a preparar. Tenho a cabeça a mil e mal posso esperar. Que é que querem, sou mesmo assim. Dizem que saio à abuela Carmen. Bendita!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Paperwork

Mais um dia a separar papéis, horrorizar-me com as contas, colocar tudo direitinho para enviar à contabilidade. Blheac. Resta-me o gozo de ter arrumado a casa e poder começar amanhã com a mente desimpedida destas tarefas que me parecem absolutamente insonsas e pouco construtivas, abrindo finalmente espaço para aquilo que gosto de fazer: dar corpo às ideias que me passam pela cabeça em vez de as deixar fugir.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Se alguém souber, diga

As notícias do país e do mundo desfilavam à minha frente na noite de ontem, enquanto falava ao telefone com uma amiga. Ela relatava o susto que apanhou com a filha de dois meses e meio na semana passada, por causa de uma farfalheira aparentemente simples que degenerou numa bronquiolite, um verdadeiro pânico para pais rookies, com as idas da praxe ao hospital e massagens toráxicas a um bebé diminuto incluídas. Nem de propósito, no meio da conversa, as imagens dos orfanatos do Haiti bateram-me de frente. A minha voz foi mudando ao perceber que muitas daquelas crianças são realmente orfãs mas outras são-no porque os pais as entregam por saberem que não têm como as alimentar; um nó grosso instalou-se na minha garganta ao escutar que em muitas daquelas instituições de improviso, a "despensa" de alimentos chega apenas para dois dias. As nossas crianças, os nossos filhos, têm deveras muita sorte e queira Deus que nunca tenham de passar por algo semelhante nem que seja em um décimo. Para além da vontade de trazer todos aqueles miúdos para os amparar no meu colo, fiquei com a pergunta incómoda gravada a ferro no meu coração: Como ráios podemos ajudar?! Se alguém souber, por favor, diga.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Fechado até segunda para esticanços do pessoal

Comecei hoje o meu workshop de Iyengar Yoga com o professor americano Billy Konrad. As costas e os ombros (os meus verdadeiros calcanhares de Aquiles) já apresentam aquela dorzinha subtil que me faz sentar-me direita, muito direita. Esperam-me mais esta tarde e os dois dias do fim-de-semana pelo que me recuso terminantemente a esforçar mais os dedos das mãos até segunda. Até lá, e se não forem um daqueles que vão estar comigo, respirem não de forma mecânica mas com consciência. Namasté.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Se não vives satisfeito


Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens...que ser assim?...

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens... que ser assim?...

Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver
Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ganha juízo

A mulher gesticulava, expondo o seu entusiasmo com os movimentos amplos das mãos, as faíscas dos olhos e os brincos nas orelhas que também pareciam querer dizer qualquer coisa. Contou do ciclo que sentia estar a fechar-se na sua vida, do desfoque longo de que padecera, do acordar repentino num certo dia em que soubera dizer não a uma volta ao passado. Rematou com a certeza de que um novo caminho se desenhava na sua vida, mais outro dos atrevimentos que teria a coragem de fazer e que agora sabia ser aquele e mais nenhum. Rematou:

- Agora só me falta pôr os cotovelos na mesa, perder o medo a que todos chamamos inércia e ganhar velocidade.

O pequeno demónio sorriu e fitando-a com olhos de aço, disse:

- Mudanças dessas aos 45 anos de idade? Emprega-te, rapariga. Ganha mas é juízo.

A mulher agarrou-o com uma mão apenas, transformou-o numa bola bem enrolada e, sem raiva nem rancor, deitou-o para a sanita, puxando o autoclismo logo de seguida. Lavou as mãos, limpou-as com preceito e pensou:

"Menos um".

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Franzidelas de olhos

O sol espreitou hoje, várias vezes, pela janela do meu carro. Que bom é franzir os olhos e sentir a luz. Que se lixem as rugas!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sonoterapia

Há vários dias que me dói a cabeça. Há pelo menos dois que me sinto cansada do acordar ao deitar. Quem estiver a ler-me neste momento e me conheça o mínimo que seja, dirá: "isto não é ela". Pois não. A minha estranheza comigo própria já me fez zangar-me com o meu corpo mas rapidamente acabei com isso. Pela certa está a enviar-me um sinal; ou vários. De quê? Penso que sei. Devia estender-me numa cama bem macia e distribuir um sono de muitas horas por períodos de pelo menos oito, entre os quais me seria autorizado apenas ler e /ou alimentar-me, mas sempre com a obrigação de retornar aos lençóis uma vez finda a tarefa. Isso. Eu precisava mesmo de uma sonoterapia. E é por isso mesmo que vou ao médico. Talvez com uma receita, eu consiga.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Antes de ser feliz

A Patrícia Reis é jornalista. Para mim, é sobretudo, escritora de emoções escondidas que ela descreve com assertividade brutal temperada com delicadeza. Parece impossível associar as duas coisas mas se alguém o sabe fazer, é a Patrícia.
No dia 15 de Fevereiro, sai o seu novo livro, cuja capa roubei descaradamente ao seu post de hoje.
Quem gosta de ler, faça favor de o comprar, não seja indecente, não peça emprestado. Primeiro, porque este livro é com toda a certeza muito bom; e depois porque os novos e bons autores portugueses merecem ser comprados para poderem continuar a escrever e terem quem aposte neles. Essa é, hoje em dia, a responsabilidade do leitor.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Back to basics

Voltei ao branco de fundo, ao laranja nos títulos. Confesso: tanto negro deixava-me inquieta, desconfortável. Pode ser mais chique, parecer mais "profundo" mas eu sou mais luz do dia embora adore a noite e sempre resista à ideia de deitar cedo. Se eu fosse uma estação seria a Primavera tardia, aquela que quase quase descai para o Verão. Os Invernos da vida, escuros e sombrios não têm nada a ver comigo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Estratégia

Ás vezes, parece que a outra vida pára e nunca mais arranca. Ninguém tem culpa mas irritamo-nos com o mundo inteiro por nadas estúpidos. E se um prenúncio de constipação chega, então, tudo piora mais um pouco. Culpar este tempo desgraçado pode ser uma boa estratégia.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Glimpses

Dou por mim a empilhar livros que quero ler. Dou por mim a guardar jornais e revistas já fora de data com artigos que ainda não li. Dou por mim enervada com o tempo que não tenho para o fazer. Depois, recebo um carinho, descubro um salto no crescimento dos meus filhos, converso com os meus pais à distância, ou faço uma aula de yoga; então, penso: tenho tempo. E tudo se recompõe nos sítios certos. Porque há coisas imperdíveis na vida, aquelas que demoram um instante apenas, glimpses da existência que se não se agarram no momento certo ficam perdidos do seu todo no éter para todo o sempre. O resto está lá, nas prateleiras ou debaixo das mesas, pronto para ser gozado. Não se perde. Por isso, pode esperar.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Caladinha por favor

Falámos de Junho, das nossas férias, dos lugares onde queremos ir. Contei dos peixes, do mar de águas quentes, do céu azul de nuvens recortadas na base, como as que desenhávamos na infância. Volto a sonhar e quero muito, quase com birra, que se torne realidade. Não me apetece falar durante o resto do fim-de-semana. Façam o favor de não me acordar.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Montinhos que parem monstros

Há noites que nos questionam de forma profunda sobre nós próprios, a forma como nos vemos, o efeito que provocamos nos outros. Noites longas. As horas passam, o dia chega finalmente e acordamos na ilusão que tudo não passou de um nada. Breve ilusão. Afinal há montinhos de areia capazes de parir monstros assustadores de narinas flamejantes. Seremos nós, esses monstros que não queremos ver? Talvez.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Caribe

As meninas do atelier de restauração de móveis acordaram a tarde ao ritmo dos sons cubanos. Graças a Deus. O calor húmido penetra pelas paredes e sobe, dengoso e sensual, até ao espaço do meu escritório. De súbito, tenho flashes do Mar das Caraíbas, o meu pé parece querer libertar-se da meia que o envolve. Tenho saudades do calor, da energia daquela gente que ainda não conheço mas da qual admiro o positivismo tantas vezes forçado a castrar-se pela força da política ou das armas, sem sucesso, felizmente. Dou por mim a cantarolar El Chan Chan e, querendo, calo-me. É demasiado dura a visão de um dia dos trópicos com este céu de chumbo e uma temperatura de 11º. Ás vezes preferia ter uma imaginação menos fértil... só às vezes, não se preocupem.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Enésima tomada de consciência

Sou uma perfeccionista do caraças que, no entanto, se desfoca com alguma facilidade. Deve ser genético. Ou ossos do ofício de quem gosta de demasiada coisa ao mesmo tempo. Uma irritação divertida que às vezes provoca certa angústia. Dá para ser um bocadinho menos rápida, por favor?

Hindi ou Mandarim, que idioma vais aprender?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Le minimum d'éffort

Depois de alguns anos a praticar outras coisas resolvi aceitar que a minha praia é a de sempre, a do yoga, ainda que continue a entrar em pânico com as invertidas sobre a cabeça e a descobrir com surpresa músculos novos nos meus membros. Recomecei hoje. Cada ásana é um exercício de humildade, embora o corpo agradeça com a sua memória as posturas que alguma vez exercitámos: "on commence par le maximum effort avec le minumum d'efficacité pour aller vers le minimum d'effort avec le maximum d'eficacité"... este é o caminho do ásana. Um bom lema para o resto da vida.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Limpezas de ano novo

É bonito tentar reatar amizades perdidas. Só pela intenção, vale. Mas a realidade é que quando algo se quebra e se parte por motivos de princípio, é complicado retomar. Impossível, até. Tentámos. Ainda bem. Não resultou. Fica uma sombra de tristeza que se apaga com optimismo pensando que começamos o ano a limpar o que ainda restava por ser limpo.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Cai neve sobre o jardim

O Ano Novo amanheceu cedo brindado por um sol radioso. Ás duas da tarde, os três homens da casa dormiam o sono dos justos. Olhei pelo janelão da sala. Uma neve miudinha caía de forma abundante sobre o nosso jardim, sem fazer barulho para não acordar ninguém. Estendi-me no sofá e, pela primeira vez depois de muitos meses, pude saborear a história do meu livro durante duas horas seguidas. Bela maneira de começar dois mil e dez.