domingo, 31 de maio de 2009

Pequenos nadas

O que é a coragem? 
Atirar-se em vôo picado sobre um precipício? Fazer uma serenata em noite de lua cheia? Trazer uma mão cheia de rosas inesperadas? 
Não.
Coragem é quebrar o estabelecido que faz sofrer. Ser capaz de recomeçar e não fugir. Ter fé. Acreditar quando existe o sentimento. Aceitar. Deixar-se ir sem necessidade de controle. Respeitar o seu espaço para não sugar o do outro. Pequenos nadas que constroem os momentos de felicidade no todo da existência.

sábado, 30 de maio de 2009

Amanhã

Levantar cedo. Aproveitar a manhã. Contemplar a paisagem preferida, sem outros ruídos que não o do mar e dos carinhos que se fazem, cúmplices. Depois, na volta, trazer um raiozinho de sol na pele, nos olhos do bebé e encher a casa de luz por completo. Que vontade.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Procurar a paz

"Tem toda a razão, minha querida. Todas estas doenças resultam da violência que muitas vezes infligimos a nós próprios".
A frase bateu-lhe na cara como um soco. Tomou consciência, uma tristeza profunda invadiu-a. Mas ela sabia que depois viria a decisão. E com esta, finalmente, a paz. A paz tão necessária à sua existência, a paz de que não prescindia. Ficou tranquila: afinal, ela tinha sempre o cuidado de avisar: "nunca me tirem a paz; tirarem-me a paz é roubarem-me o amor." 

terça-feira, 26 de maio de 2009

Para os inconformados do amor

"O amor por vezes" é o post de hoje do blog da Patrícia Reis. Apetecia-me transcrevê-lo na íntegra e enviá-lo para muitos cantos do planeta. Que pena que muitos não o irão ler.

Para os inconformados do amor e de muitas outras coisas da vida, fica aqui o endereço de um dos blogs mais bem escritos desta terra e o único que não perco, dia após dia: http://vaocombate.blogs.sapo.pt/

O eléctrico

Vermelho e laranja-sangue. Azul celeste, frio intenso a quebrar a dor. Partículas amarelo-vivo, ouro-prata, andam pelo ar, enfeitiçando a noite e dando ao teu olhar um brilho divino. O negro ondula por todo o lado, inebriado ao som de uma voz cava, uma voz-droga que nos conduz de novo ao fogo e de novo ao negro. Não me vejo ali. Mas estou. Inserida, mas aparte. Quem sou eu? Uma das mulheres, mais uma, morena, estende-me o lenço e diz:

-       És uma de nós.

Sem saber porquê, sinto vergonha. Vermelho e laranja-sangue. Azul celeste, frio intenso, a queimar a dor. A voz penetra o ar quente, descobre-me as entranhas. E de repente tu estás ali, à minha frente, o brilho divino nos olhos que me convida. A vergonha invade-me de novo. Mas tu estendes a mão e dizes:

- Vem.

O meu corpo levanta-se, eu ainda estou sentada. Uma força imensa empurra-o, vinda da tua mão, percorrendo o teu braço, nascendo do topo da tua cabeça. Luz. Luz que assusta, apaixona e desenfreia os sentidos. Braços e mãos, tronco e pernas entrelaçam-se, súam em uníssono, num grito de prazer que se confunde com a voz grave. Quem canta? Nós ou ela? Sinto-me a pairar, no êxtase dos teus braços e de repente fecho os olhos. Cheiras a mel, a caril,a cardamomo. A pimenta negra e a pimentos verdes. Tens toque de canela na pele e mesmo sem ver vejo o negro dos teus olhos entrando dentro de mim. A tua mão envolve-me a nuca, tapa um dos meus ouvidos e a tua boca lança um sopro quente no outro. A segunda mão tapa este ouvido e os teus lábios lançam de novo o vento no primeiro. As tuas duas mãos deixam-me surda e só sinto o ruído do teu ar, como se fosse um búzio gigante que ondula ao ritmo do mar mais profundo. Destapas-me. Vermelho e laranja-sangue. Azul celeste, intenso. Olho-te nos olhos.

- Quem és tu?

Pergunto. A tua boca aproxima-se de novo. Estremeço com medo do prazer do vento.

-       Eu sou todas as estradas que nunca percorreste, sou todos aqueles com quem nunca viveste, sou a alfazema, o açafrão e as estepes do norte.

Eu sou a neve, e também a espuma. Sou o negro do carvão e o amarelo do trigo. Trago um diamante no nariz e ouro na minha orelha. Eu sou a paixão e também a morte. Sou o canto profundo e a brisa quente da manhã. Sou o desejo que te consome de madrugada e o desejo que te desperta a meio da tarde.

Eu sou aquele que nunca pára.

Eu trago a sabedoria dos que escutaram sentados. Trago o calor do mediterrâneo.

Eu sou a mistura das línguas e a língua universal, molhada, intensa, imperceptível, perturbadora.

Eu sou o negro mas também o calor do fogo.

Eu sou a suavidade de um pé descalço a pisar a terra macia, sou a força de um salto a enfrentar-se na madeira.

Tenho muitos anos, muitas vidas. E não sou tempo nenhum.

Voltas a olhar-me. Vermelho e laranja-sangue. Negro celeste, intenso. A minha voz sái de uma boca que não é a minha, porque não a vejo. Mas é a minha voz que diz o que quero e o que não quero, o que continua a dar-me vergonha.

-       Fica.

A voz-cava invade-me e deixo de ouvir a tua voz. Agora, sim, percebo o que ela diz. Vejo os teus lábios que se movem, as palavras que dizes. De repente, tu e ela são a mesma, dizem o mesmo.

-       Não posso ficar se tu não me reconheces.

Não posso ficar se tu me afastas.

Não posso tocar-te se tu não deixas.

Não ficarás nunca enquanto não te reconheceres.

Não serás deste mundo enquanto não me vires como tu.

Sinto lágrimas quentes a deslizar pela cara que é minha mas que não vejo. O desgosto que se aperta na garganta com vontade de explodir. E a vergonha que me invade como um pecado. A tua mão quente na minha cara. O soluço que sobe pela garganta forçando a saída. O teu indicador esguio que pousa sobre a minha boca e que me trava a tristeza. E finalmente os teus lábios sobre os meus, como se quisessem engolir o mundo, cobrindo-me de amor...

Ela acordou.

Instintivamente, levou a mão à boca, tentando limpar a sensação.

-       Que disparate! – disse, para consigo, bem alto.

Levantou-se de um salto, ligou a rádio com o volume no máximo. Tomou um duche, esfregando a pele com vigor. Lavou os dentes trauteando forçadamente a música que vinha do aparelho. Olhou para o armário. Teve vontade de vestir o negro. Com consciência repeliu-o.Vestiu-se de branco e saíu para a rua sem fome.

O eléctrico amarelo aproximava-se lentamente. Subiu. Escolheu o lugar perto da janela, ao lado de uma senhora de idade. Depois de passar por muitas pessoas. Como se não quisesse ser encontrada.

O eléctrico parou. Uma cigana entrou, com um bebé ao colo.Atravessou todas as pessoas e colocou-se diante dela. Não disse nada, apenas olhou. Incomodada, ela respondeu com o olhar. A cigana sorriu.

-       Por que é que se está a rir para mim? Não a conheço de lado nenhum! – disse ela, irritada.

-       Eu apenas sorri, senhora. – respondeu a cigana.

E acrescentou:

-       Não serás deste mundo enquanto não me vires como tu.

Tocou no botão. E saíu como tinha entrado. Do nada. Ela desviou o olhar da janela. Finalmente percebeu porque tinha sentido vergonha.

(Escrevi este conto há muitos anos, convidada pela "CAIS" e tendo como tema a exclusão social. Foi integrado num livro chamado "15 anos, 15 contos" que agora vai ser reeditado. Por esta razão, descobri-o de novo, encontrando a primeira inocência da minha escrita-não-comercial...) 

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Nunca se esqueça

Era tarde. Muito tarde. 
O peixe-maldoso segredou-lhe ao ouvido "és a culpada de todos os males do mundo." 
Deitada na cama, sentiu a angústia ascender e depositar-se no peito trazendo um peso de pedra que a quis sufocar. 
Levantou-se. Sem fazer barulho, atravessou o corredor, entrou na cozinha, fechou a porta, sentou-se e acompanhou o cigarro com uma chávena de bebida de soja. Ela não podia deixar que o sufoco se instalasse. 
Tentou desanuviar a mente. A imagem apareceu-lhe, bem clara: dias antes, voltando do colégio com o filho mais velho ele dissera-lhe
- Mãe, sabes a coisa mais triste que pode acontecer a uma pessoa?
- Diz.
- Não ter auto-estima.
Na cozinha, de madrugada, ela voltou a sorrir, como fizera naquele dia. E então, abriu o portátil e escreveu um texto longo sobre o respeito a si própria. Acabou-o com uma frase que recebera muitas vezes em versão sms: nunca se esqueça que é especial.
Vendo-a voltar ao quarto e adormecer, o peixe-bom suspirou de alívio.  

sábado, 23 de maio de 2009

São Pedro

Afinal São Pedro provou que manda mais no tempo que os metereologistas do mundo inteiro. O sábado amanheceu entre sol e sombra com alguma chuva miudinha que não chegou para aborrecer ninguém. 
Só agora, noite cerrada, a chuva cai copiosamente. Mas também ainda não é Verão para ter vontade de estender uma manta ligeira sobre a relva e beber um copo de vinho branco gelado na companhia de uma boa conversa ou de um silêncio cúmplice.
Obrigada, Santo. Graças a ti, as crianças brincaram nos jardins de Belém e o meu pequenino sentiu o cheiro da relva húmida pela primeira vez.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Lost

O tempo não melhora. Amanhã vai chover e a temperatura desce. Fica a esperança de um bom fim de semana. Apesar de tudo.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O senhor do cinema

Morreu João Bénard da Costa. Esperemos que ele sorria onde quer que esteja. Do lado de cá, ficamos mais pobres. Há dias em que o homem também foi feito para lamentar.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A livraria

Uma vez, numa entrevista, perguntaram-me o que eu salvaria num incêndio hipotético em minha casa no qual eu só pudesse salvar um tipo de coisas. Não hesitei na resposta
"Os meus livros." 
A jornalista ficou espantada 
"Preferiria salvar livros em vez de fotografias?" 
"Claro".
Continua a ser muito "claro" para mim, pelas mesmas e exactas razões da altura. Um livro, ao contrário do que muitos pensam, é um repositório de histórias muito para além daquela que vem lá escrita. Na dobras das folhas, nas dedadas, nas marcas de copos da capa, no quebrar da lombada, ficam impressos os momentos da vida em que o comprámos, como e quando o lemos, a quem o emprestámos, quantas vezes voltámos atrás para rever uma passagem ou pegar de novo no fio da meada. Por isso, não gosto de livros novos, embora seja uma consumidora compulsiva e tenha verdadeiro fascínio por livrarias. Assim que os compro, dobro-os, assino-os religiosamente com o meu nome, mês e ano da compra, e coloco-os na estante esperando gulosamente o momento em que chamarão por mim para os ler. Cada livro é um objecto vivo. O mesmo livro, comprado duas vezes, conta coisas diferentes, razão pela qual eu detestaria perder os meus e motivo pelo qual raramente os empresto. Perder um livro nosso é perder uma parte da nossa vida. Uma parte importante, na qual acrescentámos ao romance da nossa existência as letras e imaginação maravilhosas de alguns, numa união que certamente não foi um acaso.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Violeta

Em Maio, a cidade enche-se com as flores dos jacarandás. Nas copas das árvores, flutuando pelo ar, espalhadas pelos passeios e estradas, invadem-nos com o seu perfume delicioso e adocicado que prenuncia a chegada do Verão. 
São violeta como será Violeta uma menina pequenina que nascerá, mais logo, perto do Outono.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

SomBom


Quantos sítios conhecemos ao longo da nossa vida nos quais trabalhar seja um verdadeiro prazer? 
Façamos as contas porque a pergunta pode ser demasiado vaga: se pensarmos em sítios onde impera o bom gosto, o número já se reduz. Se juntarmos a esta característica uma equipa profissionalmente irrepreensível, descemos mais uns quantos valores na nossa escala. E se a isto ainda acrescermos qualidades humanas que nos fazem não preferir alguns dos membros da equipa relativamente a outros, chegaremos a um número bastante reduzido.
Na minha vida profissional encontrei poucas empresas que juntassem tantas qualidades. O Som de Lisboa, onde se gravam spots de televisão e rádio, para além de tantas outras músicas, é realmente uma excepção para quem gosta da sua actividade e preza o profissionalismo aliado à vertente humana.
Não me canso de lá gravar. Mais, tenho saudades do espaço e das pessoas quando passo muito tempo sem lá ir. Lisboa tem muitos sons. Mas o melhor de todos é o Som de Lisboa.

(espero que me desculpem Maria, Bé, Tó, Miguel, Renato, Henrique e Francisco pelo "roubo" descarado do vosso logotipo e pela pequena "adaptação" que fiz dele)

domingo, 17 de maio de 2009

Na margem

Faço um dois em um com gosto: rio Tejo ontem, rio Tejo hoje. Não me canso de contemplar estas águas que me limpam, me inspiram e me acompanham nos momentos de nostalgia. 
Finalmente, viramo-nos ainda mais para o rio, em Lisboa, em lugares dos quais não apetece sair, mesmo se o vento convida a um cobertor. As esplanadas "A margem" e a do novo Hotel (lindo!) Altis Belém são duas indispensáveis.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A minha família tem algo de Imelda

Justiça seja feita aos homens: não há coisa que alegre mais uma mulher um bocadinho deprimida que umas compras bem feitas, no lugar certo. 
Toca lá a confessar, meninas. Podemos ser mais ou menos interessadas, mais ou menos executivas, mais ou menos fúteis, mais ou menos desligadas, mais ou menos inteligentes, ou mais ou menos poupadas. A verdade é que num daqueles dias não, uma comprinha faz muito bem. Claro que cada uma terá as suas manias. Eu, confesso que uma das minhas são os sapatos, mal de família que, aliás, se estende a alguns elementos do sexo masculino. 
Nego-me rotundamente a contabilizar os meus pares com receio assumido do valor total. É verdade: acho que tenho complexo de Imelda Marcos. Por isso, em todas as estações, descubro sempre que me faz imensa falta aquela cor, ou que não poderei sobreviver sem o modelo xis. Anteontem (há que notar que só hoje o confesso) foi um desses dias. À minha pequenita neura circunstancial, juntou-se o enorme prazer de ter a minha mãe por perto... junção perigosissima. Assim me desgracei, reservando três pares de sandálias absolutamente indispensáveis... saí de peito cheio e sorriso nos lábios. Valha-nos isso nos momentos menos agradáveis da existência. E quem achar que tudo isto não passa de uma enorme futilidade, ou mente ou não é mulher.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Cantina

Ventoinhas antigas. Letreiros de lojas de secos e molhados com as letras desbotadas. Estantes a cair de podre. Livros com marcas de muitos dedos. Rádios de outros tempos. Poltronas de pele gasta de tanta gente sentada ao longo dos anos. Bancos. Máquinas registadoras dos cinquenta. Telefones dos quarenta. Gravadores de pistas. Gira-discos-de-vinil...
Amo objectos que contam histórias. Hoje, quase me distraí do almoço por causa de um restaurante chamado Cantina. Repleto de velharias e sendo em si mesmo uma delas, é um prazer para os olhos e uma sensação agradável para o palato. A degustar no LX Factory.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Desgosto Budista

- Mãe... sabes...? Ainda não tive coragem de contar à avó Luísa.

- O quê?

- Que eu sou Budista.

- De certeza que a avó vai compreender.

- Achas? Ela é tão dedicada à Igreja...

- A avó vai ficar feliz de tu teres uma religião.

- Não sei, não... só sei é que não lhe quero dar um desgosto... a avó é tão boa avó...

Terça-feira, dez da noite, o meu filho mais velho e eu, jantando ovos estrelados com arroz.

Erros de concepção

Deus-Nosso-Senhor-Todo-Poderoso devia ter-se lembrado de nos fazer sem gene de ofensa incluído. Ou então deveria ter permitido que se criasse uma vacina contra semelhante característica. Ou ainda deveria ter-nos dotado de um barómetro de ofensas que apitava quando exagerávamos na reacção a coisas pequeninas. É que a vida é tão mais complicada quando temos de conviver com o cuidado permanente de não ofender, mesmo quando aquilo que fazemos não nos parece ofensa mas simples reparo ou comentário perfeitamente banal. Por que é que não te lembraste disto, Senhor?
Se calhar estou errada e Ele lembrou-se mesmo. Quem sabe, na sua infinita sabedoria, ele criou o gene ofendido de maneira a que, todos aqueles que não somos tão susceptíveis, sejamos capazes de defender a nossa liberdade de expressão. É isso.

terça-feira, 12 de maio de 2009

A falta

A senhora, linda nos seus setenta e oito anos como quando tinha vinte, entrou no taxi e acenou-lhe um adeus, repetindo telefona se precisares de mim que eu volto. A filha, respondeu, fazendo-se de forte, tirando importância. O carro partiu. 
Sentiu-se desamparada. 
Uma mãe faz mesmo muita falta. Mesmo quando já se passou dos quarenta.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

As rédeas que se soltam

O meu primeiro filho foi hoje passar o fim-de-semana com os avós que vivem no Algarve. Num ataque de independência, pediu autorização, combinou com a avó e hoje, simplesmente, foi. Deixei-o ir com o peito apertado e a sensação de que, agora sim, está a ficar crescido. Passaram apenas seis horas: já sinto a falta. 
São deveras complicadas de soltar, estas rédeas. Mas tem de ser. E no fundo, diz-me a razão, é bom. Diz a razão, porque o coração ainda não consegue.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A primeira vez

O miúdo mais velho estudava Ciências Sociais. Envolvido nas venturas e desventuras de gregos e romanos, memorizava datas, batalhas e territórios, preparando-se para o teste de amanhã. Ela deixou o bebé com ele enquanto preparava o banho do pequenino. O rapaz agradeceu e desviou a atenção para o irmão, falando-lhe com ternura. De todas as vezes, o bebé respondeu com sons incompreensíveis. 
Ao longe, ela parou o que estava a fazer e sorriu. Era a primeira vez que o bebé, com pouco mais de um mês, palrava. 'Que bonito', pensou, 'que bonito que seja com o irmão que merece tanto por querê-lo tão bem'.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Viagem

Descubro o LX Factory e a nova livraria Ler Devagar. Como sempre, maravilhas que espreitam por cantos insuspeitos. Benditas. Bem-aventurados todos os que temos a fortuna de habitar aqui. 
Sempre que chego a casa tenho saudades desta minha cidade que é Lisboa. Logo eu que não sei muito bem dizer onde nasci.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O calendário

Detesto cumprir calendário. Aliás, aterroriza-me literalmente cumprir calendário. Deve ser uma característica do meu signo aquático, além de outras como o pavor das rotinas, a capacidade de perceber emoções antes sequer de elas se manifestarem, o riso fácil ou a lágrima inexplicável com coisas tão simples como uma música bonita. Cumprir calendário são os presentes nas alturas adequadas que me deixam a pensar se são sinceros ou porque-têm-de-ser, almoços ou jantares pré-estabelecidos em datas e efemérides que me aborrecem pelo simples facto de ser-o-dia-xis. Não posso gostar menos e ficar mais na dúvida quando tenho que participar dos mesmos. O que eu gosto mesmo é de ofertas inesperadas porque-hoje-me-apeteceu, lanches-surpresa à queima-roupa e jantares românticos simplesmente porque-a-lua-está-cheia. Nisto, acho que saio ao meu pai. Logo eu, que até não me esqueço de uma data de aniversário. 

domingo, 3 de maio de 2009

30º

Fim-de-semana grande: 30º generosamente oferecidos em cada um dos 3 dias, bónus de sol e visibilidade absoluta. Que vontade enorme de visitar a praia.