sexta-feira, 24 de julho de 2009

Arriverderci

Um saco grande de viagem com roupas para uma semana de uma mulher e um bebé, acrescentadas dos respectivos nécessaires.
Um saco de praia gigante que inclui: duas toalhas, brinquedos, uma almofada que reproduz os ruídos do mar, dos passarinhos e do bater do coração, uma pequena tenda para proteger os mais miúdos dos raios UVA e UVB, um saco térmico para biberons, água e fruta, uma bolsa com cremes de praia.
Um saco de fraldas.
Uma cama de viagem.
Uma "espreguiçadeira" para bebé.
Uma maxi-cosi, respectivas rodas e acessórios.
O Vicente, eu e a minha amiga Leonor com a respectiva mala para uma semana...

Passo a explicar: o meu outro carro não é um Mini. O meu carro é mesmo um Mini. Lindo de morrer, vermelho e branco, e com complexo de carro potente (sendo que a dona não tem quaisquer pretensões a piloto), mas um verdadeiro Mini.
Agora, expliquem-me: como vou colocar tudo isto lá dentro?? Não sei. Já morro a rir só de pensar. Até dia 3!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

As ruas do meu coração

Um dia de sol maravilhoso. Gente de todas as cores com semblante feliz e luz de Verão. A boa energia que enche o ar e alimenta espíritos. A cena passa-se na rua Garrett. Repete-se todos os anos, em todas as estações e épocas do ano. Amo o Chiado do fundo do coração.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A generosidade dos pequeninos

O dia esteve cinzento por fora e por dentro.
Valeram-me as gargalhadas recém-aprendidas do meu filho mais novo. É incrível como as pessoas pequeninas são capazes de ajudar adultos supostamente tão capazes de tudo resolver. Por isso me irritam todos os crescidos que pensam que tudo têm a ensinar aos mais novos e nada a aprender. Enorme sinal de falta de inteligência. E de humildade, também.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Saber o porquê

Um dia, o meu filho mais velho disse-me:

- Estou triste e não sei porquê.

Gostava de poder dizer isso hoje. Não posso. E a enorme chatice é saber a razão. Acreditar que vale a pena é um grande consolo. A sério que é.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Boa menina

Fiz a lista de ralações (compridíssima), arrumei papéis para entregar ao contabilista (que seca), respondi a mails de trabalho (brrr), paguei contas (yuck), paguei ao Estado (que nervos), cobrei facturas atrasadas (sem sucesso), fiz prospecção de mercado (vamos ver no que dá). No fim do dia a minha lista estava toda cumprida. Às vezes irrita-me ser tão bem comportadinha.

Os Y's que fazem a diferença

Não tenho absolutamente nada contra a chamada literatura light ou pop, ou como lhe queiram chamar. A única coisa que me irrita, e sobretudo no caso das autoras mulheres, é o tema recorrente da desclassificação dos homens. Minhas senhoras, há homens extraordinários; que los hay, los hay. Eu tenho a sorte de ter alguns como amigos. São seres encantadores, capazes de dar o ombro, o braço e a mão se for preciso, muitas vezes oferecendo-nos a objectividade que nos falta por pensarmos tanto em tanta coisa ao mesmo tempo. Não são fáceis de encontrar, é uma realidade; mas andam por este mundo. Claro que pensam de forma diferente, ainda bem. É na partilha da diferença que se faz muitas vezes a luz.

domingo, 19 de julho de 2009

O lixo

Uma das características do crescimento reside na nossa capacidade de arrumação. Por outras palavras, em aprender a classificar aqueles que conhecemos em prateleiras. Infelizmente para muitos, cada vez mais felizmente para mim, é mesmo assim.
Na adolescência, temos um saco imenso onde cabem todos os conhecidos a que com facilidade chamamos de amigos. A maturidade, e para nosso próprio bem, ensina-nos a comprar rapidamente um martelo, pregos e prateleiras de madeira que, contudo devem ser de espessuras diferentes. Naquela que fica mais ao nosso alcance, estão todos aqueles que nos apoiam, que nos mimam ou simplesmente nos querem bem. Um pouco mais acima, ficam as pessoas com quem apenas partilhamos algumas coisas por sabermos que não serão capazes de ser mais do que isso, mas que ainda nos querem bem. Num terceiro nível, estão os amigos dos copos, da saídas à noite com gargalhada fácil, aqueles que não temos toda a certeza mas ainda sabemos não serem capazes de nos querer menos bem. Na última de todas, estão os indesejáveis. Pessoas com a maledicência na ponta da língua, plenas de vontade de fazer da nossa vida um circo público, gente medíocre que não interessa a ninguém. Invariavelmente, esta é a prateleira mais cheia e por isso deve ser também a de menos espessura e material menos nobre: é que destes seres não precisamos para nada. Portanto, é muito bom ver quando o contraplacado se parte e todos eles caem directa e justamente no lixo.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Crescer custa

O miúdo mais velho entrou no autocarro, meio nervoso com a sua primeira viagem a solo. Armada em adulta, tirei importância ao assunto e dei segurança. Quando as portas se fecharam e o transporte começou a afastar-se, disse-lhe adeus com um aperto no peito. Passaram apenas três horas mas já sinto a falta dele. Irra, que crescer como mãe custa.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Anda por aí muita gente perdida de si

Como se fosse um acaso, leio os blogues do meu costume e apercebo-me da quantidade de gente que fala da solidão. Não deve ser um acaso. Mas há sempre luz ao fundo do túnel. Necessário é acreditar porque ás vezes é apenas um ponto que é preciso ter a capacidade de vislumbrar.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dar a volta

Passo número 1: virar-se de lado. Passo número 2: cruzar uma perna sobre a outra. Passo número 3: levantar a cabeça fazendo força para rodar mais o ombro de cima. Passo número 4: compreender que o braço de dentro não pode estar para baixo. Passo número 5: dar um impulso. Passo número 6: olha! já cá estou!
O bebé Vicente repetiu todos os passos, dia após dia. Hoje, finalmente, conseguiu: virou-se de barriga para baixo. Deu-me que pensar, este dar a volta. É mesmo assim, ao longo de toda a vida: a repetição favorece a percepção dos erros, a aceitação e tomada de consciência destes oferece a possibilidade de avançar, sem necessidade de olhar mais para trás. Devíamos olhar mais vezes para a sabedoria infinita dos bebés.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Ás mulheres extraordinárias deste mundo

Eu não me canso de falar na imensa sorte que tenho em conhecer tantas mulheres especiais. Essa, sim, é uma verdadeira sorte, um verdadeiro privilégio. São pessoas com quem nos encontramos e que sempre nos deixam mais ricas, mais leves, mais confiantes. A Luísa M. é uma delas: uma mulher extremamente sábia, com uns olhos de uma profundidade extraordinária. Esta Luísa é muito mais que aquilo que faz; sempre que a vejo e tenho o prazer de estar com ela, recupera mais um pouco da minha luz, saio sempre feliz. Com ela aprendo que todos temos o dever de ser felizes.
A Luísa R. é outra. Uma mulher simples, cheia de bondade, que me ajudou imenso ao longo da minha vida, mesmo agora que estamos um pouco mais distantes, o que não interessa para nada: não é a proximidade que faz a amizade. São os sentimentos profundos e as dádivas gratuitas; a ligação estreita que se sente mesmo se não falamos todos os dias.
Há também uma Rosa V., outra mulher para lá de inteligente. Sempre disse e continuo a dizer: quando for grande quero ser como ela.
Depois vem a Maria dos A., alguém que me ensinou a aceitar aquilo que não gostava de ser e a mimar tudo aquilo que sou; alguém que introduziu suavemente na minha essência o direito de ser continuamente amada e respeitada.
São tantas as mulheres da minha vida que este texto não teria fim: Leonor, Isabel, Ana, Filipa, Lili, Margarida, Vanessa, Clarinha, Helena, Patrícia, João... bolas, espero não me estar a esquecer de nenhuma.
Minhas queridas, aqui fica o meu mais sentido obrigada: cada uma de vocês já tem uma marca bem definida no meu coração. Acreditem: o meu mundo seria bem mais sombrio sem todas vocês.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A solidão do Chico

"Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para re-alinhar os pensamentos... isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro voluntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa Alma."
Francisco Buarque da Holanda

Hoje, o céu ficou mais risonho

O meu tio José Luís, el tio Jose, dava os abraços mais impressionantes do mundo. Dentro dos braços dele voltávamos a sentir-nos pequeninos; a sensação de segurança era tão particular que nunca a experimentei com mais ninguém. Posso dizer que também era um psiquiatra excelente. Que tinha um sentido de humor extraordinário (imitava fielmente o Julito Iglesias a quem chamava el llorón, arrancando-nos gargalhadas sonoras). Que tocava piano de ouvido e cantava salsas como mais ninguém. Que pintava. Que era generoso não só nos abraços mas também em tudo o resto. Mas nada do que eu possa dizer é comparável ao que ele realmente era. Chateia-me tanto este tempo verbal. É que, infelizmente, o meu tio já não é deste mundo, deixou de morar aqui. Vai-nos fazer muita falta, muita falta mesmo. Serve-me apenas de consolo imaginar que, a partir de hoje, o céu vai estar mais cheio de rumba e de risos.

domingo, 12 de julho de 2009

Pessoa dixit

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Fernando Pessoa

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O pilar

Estou a limpar-me por dentro. Como se existisse um enorme aspirador feito especialmente para o interior dos humanos, sinto todos os desnecessários a serem sugados, deitados fora, para dentro de um saco invisível qualquer. É um processo solitário e que me alheia, bem sei. Mas devagarinho volto a sentir-me mais forte, mais segura, mais eu. Nós somos o nosso próprio pilar. Não adianta tentar construí-lo noutro lado. Que alívio que isso é quando se descobre.

Samba da benção

Bebel Gilberto persegue-me estes dias com esta música que é uma verdadeira benção. É verdade que é melhor ser alegre que ser triste. Contudo, a tristeza não é mais do que uma oportunidade para nos reencontrarmos connosco, analisar as escolhas que fizemos na nossa vida e tomar decisões. Depois, a alegria volta e podemos dizer adeus àqueles momentos em que nos sentimos mais perdidos, agradecer as lições e seguir em frente. Para isto, precisamos apenas de uma coisa: humildade. A humildade que nos ajuda a reconhecer que não sabíamos, que temos muito que aprender, que provavelmente abandonaremos esta vida sem tudo saber.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Lovestore

Tenho a enorme sorte de viver junto à Rua Duarte Pacheco, vulgarmente chamada a rua do careca. A verdade é que não são só os palmiers d'O Careca que fazem o agradável de viver aqui. Num espaço muito curto, reúnem-se muitas lojas de profunda conveniência, para além de outras que reforçam o positivismo da zona. Hoje, descobri mais uma, chamada Lovestore. É um café onde se servem refeições ligeiras do género vegetariano-não-histérico, como gosto de lhe chamar. Mas isso, apesar de simpático pela qualidade, não é tudo. Em prateleiras simples, desfilam inúmeras garrafas de água de design irrepreensível, a montra é um espaço de exposição e, na cave, maravilha das maravilhas, podemos voltar aos velhos tempos de retrosaria, fantasiando por entre gavetas e gavetas de botões estranhos, carrinhos de linhas e fitas para debruar. Dá vontade de comprar meia loja ou, pelo menos, sentar e absorver todas as histórias que se podem imaginar por ali.
O bonito é que quase não se dá por ela, o que cria uma certa ilusão de um espaço reservado para cada um de nós. Muito mais que um trocadilho, Lovestore é um espaço a não perder.

domingo, 5 de julho de 2009

Saudade









Desde quarta-feira fui invadida por uma nostalgia morna que me envolve como um manto suave. Sinto falta e sinto a falta. Percebo em mim a irritação de não ter conseguido conversar com todos ou abraçar de forma mais intensa cada um.
Nestas alturas tenho pena de não ter aprendido a tocar contrabaixo para lhes dedicar um improviso bonito.
Como é possível sentir sempre a saudade dos amigos?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Foi anteontem

Ontem, a ressaca de tanta emoção era grande; não consegui escrever. E ainda hoje não sei muito bem o que dizer depois de receber tanto carinho dos amigos mais ou menos próximos, da família chegada e da outra mais longínqua, dos presentes e dos ausentes que não se esqueceram de enviar mensagens de apoio, cheias de ternura. Pode parecer incrível mas não sei mesmo como exprimir tanta coisa que ficou aqui dentro. Por isso, limito-me a usar a palavra mais simples de agradecimento: obrigada. Muito mas mesmo muito obrigada.