terça-feira, 29 de junho de 2010

Egoísta

Hoje ajudei uma pessoa que mal conheço a encontrar uma empregada e vi na cara dela uma expressão conhecida. Fascina-me sempre a surpresa das pessoas quando recebem uma ajuda inesperada de alguém que não lhes é muito próximo. É uma surpresa que não raramente vem misturada com uma certa sensação de desconfiança que tentam disfarçar mas que cala lá no fundo como se imaginassem sempre que por detrás da ajuda virá, mais cedo ou mais tarde, o pedido de resposta, o retorno, a cobrança, a retribuição. Nem sempre tem de ser assim. Eu, gosto de ajudar. Não custa nada e não há melhor retribuição que a de ter a sensação de que fizemos alguma coisa por alguém, algum dia, por pequena que seja.
Tenho uma amiga que me diz de forma gentil que eu sou generosa; diz-me isto em forma de aviso-suave porque sabe que se o dissesse de forma negativa eu jamais o aceitaria, que bastava colocar um demasiado antes do adjectivo para eu fechar a minha atenção aos seus conselhos. Agradeço-lhe vezes sem conta pelo cuidado e protecção, mas sei que não vou mudar; neste ponto, não sou capaz. É bom, sabe-me bem. Quem sabe, talvez seja uma forma de egoísmo.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Desliguei

Estou de língua de fora. Exausta. Não tenho cabeça para mais. Vou desligar. A corrente segue amanhã.

terça-feira, 22 de junho de 2010

I'm Possible

(obrigada Miguel Rêgo)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Aos pulos

É falta de originalidade mas os nossos rapazes marcaram sete à Coreia do Norte e eu fiquei aos pulos como o resto do país. Pois. Pode ser uma banalidade mas hoje alegra-me o dia. Se não gostarem, azarinho.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

As crianças que vivem cá dentro

A maravilhosa Annie Leibovitz pegou numa série de pessoas conhecidas e obrigou-as a regressar à infância vestindo-os de personagens de contos infantis. As imagens são lindas de morrer; mais ainda por nos forçarem a resgatar as crianças que ainda e sempre viverão cá dentro. Se não conseguirem, preocupem-se: é sinal de que as deixaram adormecer para sempre e que precisam urgentemente de um príncipe ou princesa que vos acorde para outras dimensões da vida.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Do mal, o menos

Portugal não ganhou, ficou-se pelo empate. Cá e lá, o país murchou. "Do mal, o menos", disseram muitos. Meu Deus, como detesto esta frase. É o mesmo que ficar em banho-maria. Ou em águas mornas, o que para todos os efeitos significa rigorosamente a mesma coisa: continuamos na mesma.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Que a crise não chegue ao nosso futebol

Portugal joga com a Costa do Marfim no Campeonato do Mundo. O país inteiro vai parar durante 90 minutos. É a altura perfeita para circular, resolver assuntos burocráticos (o pessoal vai querer despachar, ao contrário dos outros dias). Mas não, não sou capaz. Qual figura semelhante às que tantas vezes critiquei, estou a trabalhar com o ouvido no meu rádio, bem atento aos pontapés que imagino pelas descrições dos comentadores. Eu sei que não é das melhores imagens. Mas é Portugal que joga, caramba. E é um país inteiro a torcer para que a crise não chegue ao nosso futebol.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mudanças

Gosto de mudanças. A minha vida é feita delas e de todas as coisas boas que sempre me trouxeram. Ficar no mesmo sítio, com as mesmas coisas, da mesma maneira, nunca me levou a lado nenhum a não ser ao caminho sem fundo da inércia demolidora que arrasta, paralisa e fecha o espírito à louca-boa que mora dentro da cada uma das nossas casas. Eis mais uma mudança que traz consigo um mundo. Parece um exagero mas não é: a mudança faz-se de pequenas coisas em que se acredita com a maior das convicções. Um dia acordamos e as coisas juntas fizeram uma grande meta que consciente ou inconscientemente sempre esteve ali, à nossa espera.

sábado, 12 de junho de 2010

Preciso de mim

O meu marido dorme no sofá. O bebé sonha mistérios insondáveis para as cabecinhas adultas. O miúdo mais velho aproveita as férias pequenas antes de se atirar para a penúltima semana de aulas. Pela parte que me toca, escrevo e pesquiso, espalhando a minha espertina pelo computador. Amanhã devo levantar-me cedo para dar uma nova aula numa pós-graduação. É uma inconsciência não estar estendida, a descansar. Mas é tão bom este silêncio que se entranha devagarinho e dá vontade de saborear. Que se lixem as horas de sono, preciso de mim.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Há dias

As meninas do atelier de restauração de móveis decidiram hoje ouvir a mesma música para cima de vinte vezes, todas de seguida. Já passei pelos mais variados estados de ânimo desde o sorriso ao abanar de cabeça condescendente, da irritação ligeira à dor de cabeça que certamente me fará bater-lhes à porta daqui a nada e perguntar se não há mais nada para ouvir, o silêncio, por exemplo. Como se não bastasse vou ter de sair daqui a nada carregada que nem uma mula e ainda procurar um taxi porque hoje alguém precisava mais do meu carro do que eu. Há dias assim.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

get up everybody and sing

Hoje apetece-me. Sabe-se lá porquê.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Barriga cheia

É bom chegar ao final de um dia de barriga cheia. De quê? Ah isso, meus amigos, já é querer saber demais. Estou a começar a aprender o valor de um segredo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Arejar a casa

Ideias puxam ideias. Gente positiva puxa o positivismo da gente. Pessoas novas renovam a alma. Quem vê luz coloca mais luz em seu redor.
Este post é dedicado a todos os meus amigos que arejam a minha casa interior quando as portas resolveram ficar fechadas por dentro e subitamente eu fico sem ar.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Até logo se não nos virmos antes

Daqui a nada estarei de partida para ver os mais crescidos que também precisam tanto de nós. Estas coisas que me passam pela cabeça regressam daqui a uns dias.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Quinze minutos

Quinze minutos. Quinze minutos visitando de forma fugaz o interior num toca-e-foge como quem tem receio de entrar na garganta de uma rocha mesmo sabendo que a praia será sempre sua amiga e o mar o melhor conselheiro. 'Como é difícil', pensou. Dentro da estranheza de uma sensação ligeira de ainda não se encontrar em pleno aqui descobriu um fundo de serenidade, um milímetro de calma ainda desconhecida. Rematou com um 'deve valer a pena', voltou à vidinha e prometeu a si mesma que amanhã prosseguiria a viagem.