terça-feira, 30 de abril de 2013

Vou ali e já venho. Bom feriado!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

fingir o verão?!!!

Pois. Não houve tempo, fiquei irritada com a falta dele mas afinal ainda bem que não consegui pendurar as roupas das estações que era suposto já estarem aqui. A porcaria do frio voltou e de que maneira. O que seria estar de sandálias calçadas, com calças frescas e braços assomando por mangas curtas? Seria um fingimento de Primavera, pior, um fingimento de Verão. E se não gosto de fingimentos, muito menos aprecio simular o Verão. O Verão goza-se á séria. Goza-se glorioso, intenso, no ferver da pele, no sopro sensual de um leque que refresca a cara, nos corpos radiantes de luz. Há outra maneira possível? Era só o que faltava. Claro que não.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

quinta-feira, 25 de abril de 2013

finalmente chegou

Tirar com alegria as roupas e os sapatos frescos das caixas e armários. Guardar as roupas escuras, as gabardines, os casacos e as meias, sem absoluta saudade. Que melhor sinal pode haver da chegada do tempo estival?

quarta-feira, 24 de abril de 2013

quando o corpo existe

A dor é fininha. Como uma agulha que carregasse uma linha, vai cosendo a dor, do ombro á nuca, da nuca ao centro das costas. O corpo defende-se: outra agulha surge e repuxa o trabalho da primeira; a dor clona-se e uma outra dor, matreira, espicaça o braço oposto, o ombro do outro lado e martela a cabeça. Tesouras e caixas de costura precisam-se, para ver se aquelas danadas têm descanso.
Que bom é quando andamos dentro do corpo sem dar por ele.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

getting lucky

O miúdo mais velho ligou o iPhone às colunas do carro e os Daft Punk fizeram-se ouvir.  O mais pequeno sorriu e o irmão escondeu um brilhozinho nos olhos. Na descida, deixei as mudanças em ponto morto e deslizámos estrada abaixo os três, sentindo-nos sortudos, muito sortudos.


quinta-feira, 18 de abril de 2013

rir

Rir muito. Rir de nós. Rir para nós. Rir por nós. Rir. 
Devia ser exercício obrigatório, parte da cartilha maternal, recomendado como anti-rugas-tristes, receita infalível para o desentendimento, cartão de visita, preventivo de doenças visíveis e menos visíveis.
Rir. Não há maior alívio.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

fica calada

- Não sei o que dizer.

- Então fica calada, por vezes é melhor. As pessoas não valorizam suficientemente os silêncios, têm medo.

- Pois é. Cala-te tu também, então.

terça-feira, 16 de abril de 2013

patti


“The artist seeks contact with his intuitive sense of the gods, but in order to create his work, he cannot stay in this seductive and incorporeal realm. He must return to the material world in order to do his work. It's the artist's responsibility to balance mystical communication and the labor of creation.” 

era da falta mais que do tempo

Cheia de frio, a mulher chegou à conclusão que não era da temperatura ambiente mas antes do vento que sentia há muito por há tanto ter tão pouco tempo para se encontrar. Porém, uma coisa era certa: pelo menos não se escondia de si mesma, atribuindo à falta de calor um culpado externo. Dava jeito mas era mentira; e a mentira verdadeira, aquela que mente na essência mais profunda era algo que a perturbava ao nível do nojo.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

bom fim de semana

GOSTO DO PECADO

Conheço em mim a teima
do propósito
apaixonado anseio de alma solta

Uma constante chama
outra e outra
a reacender no corpo o gosto desatado

Reconheço a planta
onde o veneno tapa
o bicho adormecido no seu fundo

Um tigre um milhafre
uma pantera

De mim apenas sei
o que é do mundo
naquilo que é incêndio dói e espera



(O poema, lindo, é da Maria Teresa Horta. Roubei-o à Cecília Andrade, tenho a certeza que não se importa.)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

a sabedoria do peter pan

Um passo à frente, três atrás. Ou seja, dois por vencer. Novo passo à frente, três atrás. Façam as contas. Vida de caranguejo? Não, em certos momentos, a nossa. Piora mais um pouco quando o retrocesso não é da nossa responsabilidade mas antes responsabilidade de alguém que supostamente deveria ter interesse no avanço. Grande estupidez. Grande estupidez com a qual temos de conviver quase todos os dias. Como é que ainda há quem não perceba o Peter Pan?

terça-feira, 9 de abril de 2013

eu não tenho marido

A mulher ouviu a pergunta da amiga e pressentiu a resposta da senhora do café:

Eu não tenho marido, não sou casada. Tenho apenas um pai.

A senhora era consumida de magra, o sorriso, fácil, um tudo-nada subserviente, o olhar tristonho, a postura, sofrida.
À saída, a mulher agarrou no braço da amiga e contou as misérias de uma personagem vítima de um progenitor atroz, soprado de mau, insatisfeito com tudo, uma casa escura que nunca deixaria outra herança que a de uma vida escrava...
A amiga sorriu e disse

Não consegues ouvir nada sem inventar uma história, pois não?

Riram as duas e a cidade continuou o seu caminho, escondendo percursos bons, outros tramados, alguns reais, outros imaginados, ainda assim todos fazendo parte desta coisa equilibrada no seu desequilíbrio chamada existência.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

pedro

Parece que São Pedro finalmente teve piedade de nós e a bonança chega a partir de dia 15. Pelo menos são as mensagens que anda a enviar através dos inúmeros sites de metereologia a que hoje em dia temos acesso. Graças a Deus, ainda existem Pedros capazes de comunicar boas notícias a este nosso país.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

princesa

A chave roda na fechadura, a porta abre-se e o miúdo mais novo corre de braços abertos chamando-nos princesa. Não há como não deixar o cinzento e as tempestades lá fora.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

coisa de criança

Sou absolutamente incapaz de lidar com isto. Pessoas dúbias, inconsistentes e ainda por cima arrogantes, são seres que me perturbam ao nível da ineficiência. Mil vezes um bom filho da mãe, objectivo e declarado.

A mulher disse isto e a outra mulher, que a conhecia há séculos, sorriu e disse:

Isso não é incapacidade. Quando muito é uma coisa de criança que ainda não perdeste e que, espero, eu, nunca venhas a perder.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

demasiado adulta

A luz era de Primavera, a hora, ainda estranha, o tempo parecia marcar outra cronologia que não a que estava a viver. A mulher via as notícias da sua vida passando diante dos seus olhos do coração, dois amigos que partiam para outra cidade em busca de um futuro melhor, outros que perdiam os pais num intervalo demasiado curto, como sempre era o da morte, decisões de vida que se tornavam necessárias... Sentiu-se demasiado adulta. Aqueles eram os episódios que ouvia contar aos crescidos quando tinha a idade dos seus filhos; eram isso mesmo, episódios, porque, naquele tempo, e com as certezas da juventude, pareciam apenas histórias que não lhe caberia em sorte viver. A mulher ficou nostálgica. Pouco mais havia a fazer. O dia seguinte poderia ser um bom dia para mudar um pouco da sua história, nem que fosse apenas um pouco.