quarta-feira, 31 de março de 2010

sexta-feira, 26 de março de 2010

Multiplicar o gozo

Começaram hoje as férias da Páscoa. O miúdo mais velho não cabe em si de contente. Eu também, embora deva confessar que tenho uma pontinha de inveja. Gostava de ser criança de novo nos próximos quinze dias. A solução é estender o gozo dos fins-de-semana multiplicando-os na minha imaginação.

The Special One

Doze meses de descobertas partilhadas. Doze meses de relembranças de actos adormecidos mas não esquecidos. Doze meses de abraços que me fizeram (fazem e farão) estremecer. Doze meses com um calor no colo inigualável.
O meu bebé Vicente fez ontem um ano.
Obrigada meu querido e pequenino Special One.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Não há dinheiro que pague

O Presidente disse-me:

- Alex, ouvi dizer que o teu pai tem problemas de coração.

Respondi...

- Sim, acabei de saber que vai ter de ser operado de urgência para colocação de dois by-pass.

- Que chatice.

Disse o Presidente. E acrescentou:

- Esta tarde temos de rever a apresentação e sem hora para terminar.

O meu pai ia ser operado a coração aberto dois dias depois. Nesse mesmo dia, e à mesma hora eu, Directora-Geral Criativa de uma conhecida multinacional, iria fazer uma apresentação de uma imensa responsabilidade que poderia permitir à empresa ganhar a conta de uma reconhecida marca nacional. As palavras do Presidente deixaram-me gelada. Mais, senti-me um número, vazia de conteúdo, isenta de qualquer cuidado. Aquele homem estava-se literalmente nas tintas para o estado das minhas emoções; não era humano ao ponto de me dispensar da reunião nem suficientemente inteligente para sequer considerar se eu estaria em condições para apresentar o que quer que fosse.
O que é demais, é demais, pensei. Então, tomei a minha decisão, aguardando apenas pelo momento de ganhar o concurso para a concretizar. Dois meses depois, a marca era da multinacional e, às oito horas da noite, marquei reunião com o Presidente. Tive então o prazer de dar um chuto num ordenado maravilhoso, acabar com uma carreira que todos achavam "fulgurante", virar costas ao mundo das grandes companhias internacionais.
Viver doze horas por dia entre pessoas sem alma não era para mim. Continua a não ser e por isso defendo todos os dias aquelas que são para mim as verdadeiras prioridades da vida. Por isso ontem desmarquei uma série de reuniões. Por isso também ontem não escrevi aqui. É que a minha mãe veio fazer a sua revisão médica relativa ao cancro que sofreu há três anos atrás. E se há coisa que não volto a fazer na vida é não estar ao lado dos meus quando eles mais precisam. Nem que seja para ouvir boas notícias como felizmente foi o caso. Como se costuma dizer, não há mesmo dinheiro que as pague.

terça-feira, 23 de março de 2010

As palavras do Senhor Deus

A minha mãe chega agora do Algarve. A minha empregada tem de sair às 19.30h pelo que tenho de estar em casa já. Amanhã tenho mil e uma reuniões: não me posso esquecer da pen, dos cartões e de actualizar as apresentações. O meu filho mais velho ficou mal disposto na escola, estou desejando vê-lo. E o mais pequeno vai reclamar atenção, com toda a certeza. Há dias em que eu gostava que o Senhor Deus não tivesse inventado palavras como "encavalitado" e "pressa".

segunda-feira, 22 de março de 2010

A culpa dos globos

Entro no escritório e os meus globos terrestres parecem gritar todos ao mesmo tempo. Eu bem tento fazer de conta que não os vejo. Bem faço um esforço por pensar 'coitados, são tão antigos, nem sabem que a URSS já não existe, que Hong Kong agora faz parte da China e que o mundo ficou mais pequeno'. Tento e re-tento mas não ajuda; eles são matreiros e fazem complot com todas as revistas de viagens dos quiosques em volta: de repente também só reparo nelas. Pois é, o meu scirocco está em pleno. Sinto-me uma verdadeira viagemdependente em pleno estado de carência e sem outra metadona possível que a de comprar uma viagem para quatro pessoas e partir. As férias da Páscoa proporcionam a desculpa perfeita. O melhor é mesmo começar a escolher um destino, nem que seja para sonhar com a família. Agarrem-me senão eu vou.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Muito pai

Tenho um pai neste mundo e que é do outro mundo, graças a Deus. Os meus dois filhos têm, cada um deles, um pai maravilhoso que, por sua vez, é um amigo e companheiro extraordinário. É muito pai e muita sorte junta. Amanhã é Dia do Pai.

quarta-feira, 17 de março de 2010

terça-feira, 16 de março de 2010

la feina ben feta

Dizem os catalães que o trabalho bem feito não tem fronteiras. Subscrevo, apoio e confirmo. Amanhã terei a prova.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Mulher-elástica

Hoje sinto-me um elástico demasiado esticado, bem distendido. Confesso que muitas vezes gostava de ser um desenho animado. Pelo menos sabia que podia esticar e talvez partir porque não acontecia mais nada depois.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Prioridades

Há mais de três semanas que não pratico yoga. O meu corpo reclama, o espírito também. Contingências ou prioridades da vida que muitas vezes nos fazem sentir saudades de ser criança quando o tempo parecia demasiado tempo e os dias nunca mais acabavam. Valha-nos o sol que há quatro dias não deixa a chuva passar e o gozo (estúpido, talvez) do trabalho bem feito. Ah! E a recompensa de não fumar há exactamente doze dias, pois claro.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vendida

Hoje também não consigo pensar noutra coisa. Posso dizer-vos tudo sobre vitaminas, o efeito mais ou menos poderoso das mesmas, o poder diurético de todas em conjunto.... mas seria aborrecido como o raio. Podem experimentar uma destas e ficam muito bem servidos. Ainda por cima tem bom design, vem de NY e fica bem. Admito: estou a fazer publicidade, sim. Sem vergonha na cara. Vendida? Não. Quando um produto é bom, confesso que não resisto a falar dele.

Ontem






Não consigo pensar noutra coisa. Desculpem lá mas não consigo mesmo.

terça-feira, 9 de março de 2010

O efeito das palavras

Faz hoje uma semana que deixei de ser fumadora. Custa-me dizê-lo desta forma. Mas é importante o acto de dizer que se abandonou uma forma de ser: as palavras são mais que meras palavras; deixam marcas no nosso interior que, a pouco e pouco, produzem efeitos mais poderosos que o melhor medicamento.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Janela de luz

Roubei indecentemente esta fotografia que estava na página de uma amiga recente. Não sei de quem é e espero que a autora (não sei porquê mas acho que é mulher) não se zangue por este pequeno furto. Mas é tão bonita e cheira tanto a flores que não consegui resistir a colocá-la no meu computador e, hoje, aqui. É uma janela de luz num dia sombrio e triste como o de hoje.

domingo, 7 de março de 2010

Invictus

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll.
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.


William Ernest Henley

quinta-feira, 4 de março de 2010

O salto

É como se passássemos anos a fio com um filtro diante dos olhos que nos fazia ver o céu com nevoeiro. Até que um dia observamos com atenção: o filtro afinal está ao alcance dos nossos dedos; mais surpreendente até, pode ser retirado como se se tratasse de um celofane fino. Então, se tivermos a coragem de querer ver mais longe e nos aventurarmos, avançamos e de forma delicada dizemos adeus ao filtro. A seguir, logo a seguir, vem o salto. Chama-se recuperar a liberdade.

quarta-feira, 3 de março de 2010

A coisa comichosa

O miúdo mais velho foi para o colégio com um herpes tramado a avançar pelo queixo. Saiu de casa sem abandonar o sorriso, sem se esquecer de se despedir com carinho do irmão bebé, aceitando com ligeireza e generosidade a coisa comichosa. Impressionou-me tanta maturidade aos treze anos. É que há adultos bem mais maricas. E geralmente quanto mais maricas são menos acham que podem aprender com os mais novos. Ironias da vida.

terça-feira, 2 de março de 2010

Os actos heróicos

A médica, pequenina e cheia de energia, falou-me dos cinco minutos que dura este impulso tremendo que o nosso cérebro grita com a necessidade de fumar. Disse-me que teria de resistir, que com o tempo ele iria abrandando e, com a perseverança, acabaria por desistir. Deu a todos os meus momentos de persistência o nome de "actos heróicos". No mínimo dos mínimos é uma expressão bonita. E confesso que a perspectiva de ser heróica por cinco minutos, várias vezes ao dia, é arrasadoramente boa pelo efeito que traz.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Dizer adeus a uma identidade

Posso dizer que, para além do de ter ideias a toda a hora e minuto, o único vício que tenho é o de fumar. Dá-me prazer, é certo, mas neste momento provoca-me sobretudo angústia, não só por aquilo que faz ao templo a que chamo o meu corpo como também pela falta de credibilidade que me dá junto dos meus filhos. Afinal, quem sou eu para lhes ensinar a não se tornarem dependentes de nenhuma substância se eu própria não consigo deixar de o ser relativamente ao tabaco?
Amanhã digo adeus aos cigarros. Confesso que já tentei várias vezes mas acredito que esta seja a derradeira. Vou abandonar a minha identidade de fumadora e libertar-me disto de vez. E o facto de o dizer aqui só me dá mais responsabilidade. Afinal, é um comprometimento público e assumido. E ninguém gosta de falhar. Eu, muito menos.