terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

saco de boxe

Tens que ter cuidado com o que escreves, disse ele, certa vez, nunca sabes quem poderá estar a ler-te. A mulher encolhera os ombros e continuara com o que estava a fazer. Mas, ontem, alguém dissera o mesmo e aí ela não encolheu os ombros. Numa voz tranquila, sem esconder o tom, para quem a quisesse ouvir (pouco lhe importava), disse:
Este é um dos meus espaços de liberdade e a ninguém, mas absolutamente a ninguém, dou o direito da interferência. Escrever antecipando quem possa por uma eventualidade ridícula estar a ler-me?! Esse não é o propósito e acho que nunca conseguirei fazê-lo dessa forma, aliás, não quero. E se alguém ler e não gostar, temos pena. Aquilo que escrevo no dia-à-dia, por causa da minha profissão, já sofre demasiadas transformações; porém, isso são ossos do ofício que escolhi. Agora, aqui?! Nem pensar. Esta é a minha ginástica; no meu saco de boxe ninguém toca.

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