Saiu de casa. Fez parte das filas no trânsito. Suspirou. Deixou o primeiro filho na escola com um beijo e uma festa carregados de ternura. Tomou pequeno almoço. Deu alimento de amor ao miúdo ainda de dentro. Passou os olhos pela revista. Apanhou uma nova sucessão de automóveis vagarosos. Suspirou mais uma vez. Atravessou avenidas, subiu viadutos, virou várias vezes à direita e depois à esquerda em ruas sinuosas. E quando já estava bem farta de sentir a pele por cima do volante, do banco e do braço, chegou ao estúdio.
Reconheceu caras e estas reconheceram-na. Disseram-lhe "que saudades tuas". Ela esqueceu de imediato as mil rodas e os semblantes mal dispostos. No fim do dia estava cansada mas ainda lhe disseram "que saudades tínhamos de te ver, volta sempre".
Que sorte tenho, pensou.
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