Há exactamente dois anos diagnosticaram-lhe o que ela mais temia: um cancro. Atirou-se a ele com uma coragem que achava que nunca iria ter. Deu ao marido a força que ele não tinha, animou os filhos e distribuiu beijos pelos netos como se tivesse acabado de sair de uma operação de renovação estética de um pulmão. A energia dela era tão grande que no hospital a equipa inteira a chamava de princesa. Com toda a razão, porque é isso mesmo que ela é.
Já passaram dois anos; ligou-me há dez minutos, recém-saída da consulta de controle oncológico. "Podemos abrir uma garrafa de champagne", disse. Disfarcei o nó alegre na garganta, deitei o suspiro de alívio para trás das costas e deixei-me contagiar pelo riso franco de 78 anos que ainda acredita ter muito para criar. A minha mãe tem as mãos mais bonitas do mundo.
1 comentário:
Afinal ainda há verdadeiras princesas...
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