- Mãe, mãe, temos um sapinho na piscina!
Ela foi a correr. Era verdade: sobre o azul-pastilha-pequena do reservatório rectangular, um pequeno sapo flutuava, os olhos vigilantes observando uma criança de 11 anos e quatro cães histéricos com a descoberta. A mãe achou que o bicho se safava sozinho mas pelo sim pelo não, e como era quase de noite, deram jantar aos cães e obrigaram-nos a ir para o canil mais cedo. Quando ele chegou a casa disse que os sapos não viviam em piscinas. Ela e o miúdo sentiram-se culpados, só que já estava muito escuro. Dormiram ambos a sonhar com rãs.
"Mãe, mãe, o sapinho continua dentro da piscina!" , voltou o filho no dia seguinte. Deixaram os cães presos a ladrar furiosos por perder tão fantástico aperitivo. Armaram-se de uma rede de cozinha e de uma tigela de vidro transparente e decidiram salvar o bicho. Por duas vezes o sapinho entrou nas caixas, frustrando as tentativas. À terceira, o miúdo descobriu como se abriam e conseguiram empurrá-lo para dentro do recipiente como se fosse um legume. Com cuidado, depositaram-no na relva.
"Salta daí, vai-te embora!", disse a criança; e o sapo, nada. Perceberam: era muita planície para tão pouco sapo. Voltaram a empurrá-lo para a tigela e, decidido, o puto levou-o para a floresta de bambus que cercava a casa. Assim que se viu entre a folhagem, o animal não precisou da ordem para saltar.
- Hoje fizemos mesmo uma boa acção, não foi, mãe?
Ainda lhe resta a dúvida se a emoção que sentiu foi por causa da frase ou da comoção que viu nos olhos dele.
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