domingo, 12 de outubro de 2008

A importância de ser pijama

Se alguém tiver um guarda-pijamas, por favor avise que é para eu ficar cheia de inveja. Pode parecer estúpido mas um armário só para estas coisas devia ser obrigatório. Não percebo como é que nunca ninguém nos ensinou isto. Um pijama, camisa de noite, vestuário para ir dormir, ou como se queira chamar, não é assim uma peça tão simples de escolher e está sempre carregadinha de significados. O acto de o usar depende muito da circunstância. Até aqui, tudo parece óbvio. Agora a forma como o usamos e sentimos é outra história completamente diferente. 
Eu aprendi a não gostar de estar num pijama qualquer na minha vida adulta, a dois. No entanto, sempre que chego à casa da minha infância, não abdico de tomar o pequeno almoço nesses preparos, tal como fazem os meus pais e tal como tenho a certeza que fariam os meus irmãos, se pudessem lá ficar quando passo os fins de semana com todos. Numa escapadela com amigas que não se vêem há muito tempo, o pijama tem de ser confortável para poder resistir às gargalhadas, às noites sem fim de conversa, ao fumo dos cigarros e às trocas inevitáveis de roupa que inevitavelmente se irão fazer. A camisa de noite que mostramos aos nossos filhos quando eles acordam com um pesadelo a meio da noite, geralmente esconde a outra maravilhosa de renda com que seduzimos o nosso marido antes de deitar. E a roupa para dormir que levamos numa viagem de trabalho muitas vezes é o descontrair de tudo isto porque finalmente estamos sozinhas e podemos usar as calças mais moles do universo e a t-shirt que não conseguimos deitar fora porque é a que comprámos na primeira viagem a NY há 20 anos e embora já tenha um buraco pequeno do ferro na gola continua a ser a mais bonita do mundo... mas apenas para quando estamos connosco. 
Não deixam de ser maravilhosas estas mil e uma maneiras de sentir um pijama. Eu, gosto especialmente de duas. A primeira é a dos regressos à minha família de origem. Tem o poder de me fazer sentir filha de novo e traz à memória a escolha difícil entre os papo-secos feitos em forno de lenha e as arrofadas a babar de manteiga e côco. A segunda é quando ele olha para mim de manhã e, sem reparar que tudo o que tenho é novo e foi comprado de propósito, me diz: não sei o que fazes, nem como o fazes mas és linda... és mesmo linda.

1 comentário:

Filipa M. disse...

Um armário só para pijamas não tenho... mas também não tenho assim tantos pijamas para ocupar um armário. Mas tenho uma Gaveta só para pijamas!
Como me identifiquei com este texto.