O homem, alto e magro, senta-se num banco de pernas compridas, resguardado apenas por uma orquestra vazia de músicos e um fundo de Deuses.
Diante dele, um público ecléctico, assumidamente exigente, espera.
O homem abre a boca e sem medo, avança, esquecendo que tem apenas pela frente adultos, pessoas que por se acharem crescidas talvez já tenham perdido a inocência ou a vontade de se encantar. Ou talvez não, porque estão ali. O colombiano magro, semicerra os olhos e usa os braços e as mãos, ambos longos, para complementar o seu espectáculo. Pontua-o aqui e ali, com instrumentos simples, como a cuíca. Tudo isto é acessório porque é na forma da voz metálica dele que reside a força do conteúdo.
Nicolás Buenaventura contou histórias lindas na passada sexta-feira à noite, no São Luiz, numa sala esgotada de gente crescida. O Nicolás é mesmo isso: um contador de histórias. É preciso ter uma enorme coragem. Mas ele chama-se Buena-aventura e também Buena-ventura. Acasos da vida que nunca o são.
1 comentário:
Foi o 5º espectáculo que assisti, mas sempre com o mesmo encanto, sempre embalada pela voz e pelas histórias ancestrais do Nicolás. Desta vez, somou-se o prazer da vossa companhia. Inolvidable!
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