Gosto da casa cheia. Gosto de observar o meu sobrinho de dez anos procurando resolver a dissonância entre brincar com um primo de dois ou colocar-se nos bicos dos pés para tentar acompanhar os primos mais velhos. E acho muita graça ter dois adolescentes rapazes que se arrastam pela casa de férias, pavoneando uma pose que ainda não aguentam, esticando T-shirts compradas com orgulho sobre calções aos quadrados que depois abandonam no chão do quarto com a displicência blasé própria dos catorze anos. Não me importo que devorem a despensa e esvaziem o frigorífico como se amanhã fossem para um campo de concentração na Sibéria. Percebo os gestos egoístas, a desatenção; nesta fase o mundo compõe-se dos 20 centímetros à sua volta (com excepção do universo inteiro que dominam através da net e dos seus computadores; mas isso é outra história).
Já todos fomos assim, eu pelo menos não me esqueço. E por isso não me ofendo nem me afecto com estas coisas. Era só o que mais faltava. Afinal, os adultos somos nós. Infelizmente ainda existem muitos que ainda não cresceram desde a adolescência. Isso é que se pode considerar um destempero.
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