sábado, 13 de junho de 2009

A volta

Com quarenta e quatro anos e cinquenta e alguns quilos sentei-me no colo do meu pai, abracei-o, dei-lhe beijinhos na cara e festinhas na testa.
Com quarenta e quatro anos fiz confidências à minha mãe, disse-lhe o quanto gostava dela e admirei mais uma vez a beleza dela a que nenhuma das filhas chegamos sequer aos calcanhares.
Com quarenta e quatro anos continuo a ficar triste sempre que volto e os deixo lá.
Imaturidade? Talvez. Mas tristeza desta é mesmo boa. Por paradoxal que pareça, também é felicidade: significa que carinhos e afectos transmitidos durante décadas não se esgotam no tempo, continuam a andar pelo ar. Os meus filhos já sentem o mesmo, tenho a certeza. Do mais alto ao mais pequenito já sabem o que é aconchego bom.

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