As várias malas, cadeiras e cadeirinhas, sacos e saquinhos enchiam o corredor. O meu marido e o meu filho mais velho carregaram tudo, enquanto eu distraía o bebé. A porta da rua, escancarada, não deixava ver a fechadura do lado de dentro. Perguntei:
- Posso fechar a porta?
- Siiim!
Responderam eles do lado de fora.
Liguei o alarme. Com cuidado, puxei a porta. O estalido fez-se ouvir. Dispus-me a rodar mais uma vez a chave para garantir a segurança: impossível. Retirei-a da fechadura, virei-a para o lado contrário: mais uma vez, impossível. Temendo o pior, perguntei...
- Deixaste a tua chave do lado de dentro?
Pois.
Tentámos arrombar uma das portadas. Rodámos mil vezes a chave na porta da entrada. Nada. A casa encontrava-se no seu estado de segurança mais absoluto.
O meu marido enervou-se, o Tomás tentou conter o riso, o Vicente palrou. Então, declarei:
- O melhor é irmos embora para o Algarve. Hoje não vamos resolver nada.
Assim foi.
Ontem, quando chegámos, um senhor das Chaves do Areeiro abriu a porta com a maior das simplicidades.
O meu filho mais velho ainda se ri da aventura. E eu... confesso que também. Acho graça a estas peripécias. É como se alguém, lá em cima, andasse a testar o nosso sentido de humor.
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