Não sei onde estás nem o que foi feito de ti. Só sei que eu tinha dezassete anos e tu dezanove, acho eu. Eras o miúdo mais inteligente do grupo, cabelo preto, nariz grande, magro como um fio e costas de nadador.
Naquela noite de Verão, levaste-me a casa.
Estivemos das duas às quatro da manhã a conversar, de pé, encostados à parede da casa dos meus pais. Falámos sobre livros que mais nenhum dos nossos amigos tinha lido nem tinha vontade de ler; só nós. Também por isso nos maravilhámos tanto um com o outro; por essa razão os minutos passavam a correr e não tínhamos vontade de ir embora.
O beijo que não aguentava mais teve que ser dado e foi pretexto de despedida. Corei.
Na manhã seguinte, acordei com dor de barriga só de pensar que te ia encontrar na praia. E que a partir de agora éramos namorados.
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