segunda-feira, 16 de setembro de 2013

tic tac

Na casa do meu avô, havia um relógio de parede com mais de duzentos anos. Na casa do tio António, um relógio de cuco e um de chão, vertical, que nos reconfortava com o Big Ben. E na casa do tio Jose, em Puerto Rico, havia muitos que cantavam de hora a hora, quase rivalizando com os coquis, uns sapinhos minúsculos que ali tornam mais melodiosas as noites.
O meu tio Jose era um homem enorme. Na altura, na generosidade e no sentido de humor. Uma destas noites, sonhei que voltava a ser miúda, e que acordara com um pesadelo do qual o cuco fazia parte. Mas o tio Jose apareceu, aninhou-me nos seus braços daquela forma que ele sabia e segredou-me uma frase ao ouvido com o sorriso brilhante dos seus olhos pequeninos. O sonho mau transformou-se de imediato em sonho bom e acordei com saudade. Fazes-me tanta falta, homem grande e gentil.

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