sexta-feira, 13 de setembro de 2013

brisa quase



A brisa entrou na praia, pediu muita desculpa à areia e disse que agora não a podia refrescar. Estava cansada. 
A areia tentou avisá-la mas a brisa, não querendo ouvir mais nada, escondeu-se no cantinho de uma concha branca e deixou vir o sono.

Brisa corre, corre feita vento doido, corre pelas estradas, varrendo espigas de trigo, pedaços de folha, pedras diminutas. O vôo, meteórico, faz a brisa-feita-vento-doido quase invisível de tão veloz, tremem as telhas dos telhados, abanam as portas e chaminés, rezingam os pássaros que voam sem querer usar as asas.
Um ruído cavo, profundo, grave, repetido, ouve-se ao longe. A brisa-feita-vento-doido abranda, e é quase-vento, quase-brisa, quase-silêncio. Avança devagarinho como o sopro de uma criança ou as patas de um gato, meio a medo. O som é seguro. A brisa-desfeita-de-silêncio enrosca-se no som e deixa-se rodopiar.

Estremeceu por dentro e acordou. 
Tonteira de sonho, pensou. 
Olhou para si e na realidade era brisa-dança.
O som sorriu.
Ela é que não quisera ligar á areia.

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