terça-feira, 22 de novembro de 2011

homeless

Não posso pensar muito em África. 
Pensar em África abre sempre no meu coração uma espécie de dor pequenina que não é bem dor mas antes uma espécie de saudade que não se explica muito bem. Talvez sejam as histórias mil vezes repetidas do amor dos meus pais vividas em Angola com intensidade, talvez seja a delicadeza dos pormenores do meu pai ao contar as suas viagens por entre campos brancos de algodão, talvez seja por causa do cheiro da terra que reconheci nas minhas duas visitas e que ficou para sempre impregnado nos meus sentidos, ou por causa da força comovente da natureza, ou unicamente pela sensação única de ali me ter sentido parte de um todo compreendendo em simultâneo que, na verdade, não tenho importância nenhuma.
Não posso pensar muito em África.
Porque, se o faço, rapidamente me sinto homeless e sopra um vento forte que me impele a voltar para lá, para um berço que trago cá dentro, para o berço que é de todos e que infelizmente tão pouco reconhecemos.

1 comentário:

Filipe BC disse...

Compreendo bem o que sentes. Revejo em cada palavra tua o meu sentimento por Africa. Africa desperta-nos os sentidos, aguça-nos a curiosidade e o espírito de aventura. Nasci e lá vivi alguns anos. As saudades são marcantes.Bjs