sábado, 4 de abril de 2009

A inveja do Amor

Não percebo porque é que a maioria das pessoas adora ver apenas o lado mais negro das coisas. 
É uma espécie de prazer mórbido que não aceito nem consigo compreender. E em determinadas situações da vida, acentua-se ainda mais.
Uma mulher fica grávida e logo aparecem as mil recomendações mirabolantes e os vaticínios do pior, sob a capa do 'tens que estar preparada para'. O absurdo sucede o absurdo, de tal modo que aquilo para que temos que estar realmente preparadas é para ser imunes a todos os conselhos idiotas que nos vão dando. Desde o alimentar-se por dois até ao não se poder ser vegetariana, vale tudo. 
Depois, vem o papão do parto e o horror que certamente serão os primeiros meses com a criança porque, obviamente, 'vocês têm que se preparar'. Isto, claro, a somar-se aos comentários sobre se estamos demasiado magras ou desleixadas de gordas, a forma da barriga, e os presentes horrorosos que insistem em comprar sem sequer nos pedir opinião.
A seguir, e sobretudo se tivemos um parto fácil, se não fizemos drama sobre nada, se até ficámos com uma figura decente e - bolas! - ainda por cima o bebé é um santo, então o melhor é ter atenção porque chegam as afirmações perfeitamente definitivas de que 'demasiado colo cria manha', 'é melhor deixar chorar uma criança porque abre os pulmões', ou  as parecenças com falta de tacto e de muito chá.
Confesso que estas últimas me põem mais fora de mim do que todas as anteriores. Graças a Deus tenho uma mãe que sempre viveu as suas gravidezes e partos com alegria e por isso nunca fez deles enredos de novela barata.
Se há coisa que não admito são restrições ao Amor. E se há alguém que precisa dele é um bebé, como depois a criança, o adolescente e o adulto. Mimo e amor a mais nunca fizeram mal a ninguém; muito pelo contrário, apenas ajudam a fazer crescer seres mais seguros de si mesmos porque não têm quaisquer dúvidas sobre se são amados ou não. 
O que faz verdadeiramente mal é a inveja, o negativismo, a vontade de olhar sempre para o lado mais negro, a dureza, a secura, o prazer em tirar o prazer de alguém em situações tão bonitas quanto estas.
Nunca admiti e não é agora que admitirei.
Ainda por cima tenho um filho que foi criado com muito Amor: o resultado não poderia ser melhor. Por isso, vou repetir a dose com o mais novo; se calhar até a vou melhorar e intensificar, para corrigir o que possa ter corrido menos bem da primeira vez.

Por isso, a todos aqueles que gozam com o pior lado da vida, digo cada vez com menos cerimónia que não me interessa a sua opinião. Mais, não quero a sua companhia nem o seu contacto porque tenho a certeza que ali não há amor e eu gosto, gozo e procuro distribuir Amor. Mas não considero sequer a hipótese de o desperdiçar com quem não o sabe receber.

Por qué no se callan? 

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