terça-feira, 21 de abril de 2009

O que não sabemos quando somos apenas filhos


Quando somos exclusivamente filhos, achamos um disparate que a nossa mãe não durma antes de chegarmos a casa depois de uma boa noite de copos com os amigos.
Quando somos unicamente filhos, pensamos que é um exagero os pais quererem saber como quem vamos, com quem estivemos, onde e como fomos.
Quando somos apenas filhos, parece-nos uma verdadeira afronta todas as recomendações de cuidados que nos fazem.
Chegamos a rir-nos ou a revirar os olhos na cara deles quando dizem aquela frase do 'um dia, quando tiveres filhos, verás'.

Só que de repente, esse dia chega. E finalmente compreendemos. Finalmente damos valor.
Eu tive mais uma vez essa prova no fim-de-semana passado quando me deparei com a perspectiva imaginária de poder perder o meu filho mais pequenino. Graças a Deus não passou de um susto desagradável que, contudo, implicou hospitais e todos os ingredientes acessórios a uma operação a um ser diminuto de 26 dias. 
Estas coisas instalam-se na memória para sempre sob a forma de um medo que se controla porque há que ser adulto. Mas ficam lá como ferros em brasa prontos a fazer doer.

Grande parte de ser pai tem a ver com sofrimento e preocupação.
Ainda bem que o que se recebe é tanto que ninguém se lembra disso.

1 comentário:

MARIA disse...

Olá minha querida, ainda bem que tudo não passou de um grande susto e já está tudo bem com o "nosso" pequeno Vicente. Sei bem do que falas, passei exactamente pelo mesmo quando a Madalena tinha 30 dias e, como dizes "... estas coisas instalam-se na memória para sempre...", "... ficam lá como ferros em brasa prontos a fazer doer...". Mas, felizmente, um simples sorriso deles atenua todas as dores.
Um grande beijo
Maria N Sereno