Dentro da sala de vacinação, os pais antecipavam a dor do recém-nascido. Ela, tinha vivido a experiência antes. Para ele, era a primeira vez. Delicado, o enfermeiro explicou que algo mudara desde que a mãe tivera o primeiro filho, há doze anos; essa mudança fora introduzida no Hospital da Luz para fazer do Teste do Pézinho algo menos desagradável para os bebés. Ela sentou-se, pegou no bebé ao colo e seguindo as instruções, pô-lo a mamar.
A enfermeira entrou. Quilómetros de bebés dos mais diversos tipos adivinhavam-se-lhe na face tranquila. A experiência de muitos pais com maior ou menor dose de sofrimento pelos filhos, também. Aproximou-se do casal como alguém que adora crianças, elogiou o descendente com carinho: um terço dos músculos retesados pela angústia, descontraiu. Depois, zelou pelo bem estar da criança, preocupou-se com a mãe, fez conversa com o pai, teve tempo para uma graça, enquanto picava o pé minúsculo. Terço a terço, os restantes músculos dos progenitores voltaram ao seu lugar natural. Quando a prova ficou pronta, despediu-se com carinho e foi-se embora.
Dizem que os profissionais de saúde perdem o coração em algum ponto da sua vida. Não é verdade: alguns, não só não o perdem como o conservam bem grande. Como em tudo o resto, ele existe e permanece inalterado em todos aqueles que realmente amam o que fazem. A isso se chama verdadeiro profissionalismo. Também.
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