segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Na floresta

Caminharam juntos durante duas horas e meia. Percorreram relvados identificando cogumelos que apareciam mágicos como se adivinhassem o propósito do passeio. Descobriram os brancos, firmemente escondidos por entre os fios de relva e os outros, tristemente espezinhados pelos carrinhos. Iam vendo alguns, de quando em vez, laranjas-ocre por cima,
brancos-de-neve por baixo; ele espantava-se com eles, imaginando que o veneno lhes estava na seiva e seria capaz de trespassar borracha, sola e pele de sapatos.
Nas paredes de uma depressão na terra, fungos diferentes, de cor creme, escondiam-se aos cachos, procurando passar despercebidos.
Toda a paisagem estava envolta na atmosfera de segredos dos pinheiros, cujos ramos conduziam subtilmente o ar fresco de Inverno para a pele da cara deles, enquanto o sol os acompanhava no seu passo sem passos. Assim, namoraram. Como todas as mães e filhos namoram muitas vezes na vida. 

Sem comentários: