George Moore
Há um sufoco que me assola de tempos a tempos como um vento quente que despenteia os cabelos e seca a boca sem remédio. Nessas alturas, sei que o meu scirocco chegou e que o meu mundo diário resumiu-se a um metro quadrado. O cinto de segurança, na estrada, no ar ou no mar clamam: tenho de partir.
Viajar é um vício. Pelo menos para mim. Consigo deixar de fumar, sou capaz de prescindir de 70% do mais puro cacau. Mas sou perfeitamente inútil na habilidade de ficar fechada no meu país. A viagem renova-me interiormente, oferece o cenário perfeito para a minha rebeldia da rotina. Emagreço de prazer com cada pormenor da preparação e da decisão de locais, visitas, contemplações; engordo na permanência a cada história desconhecida, por cada grama do ar de espanto que me enche a boca pela surpresa. Na volta, venho mais rica, mais tolerante, cheia de saudades do meu metro quadrado que novamente se transformou no país que amo.
Daqui a nada estarei em Londres. Depois em Barcelona. Conheço ambas de várias visitas. Isso não interessa nada. Sei que vou para descobrir algo mais. E sei que certamente é sobre mim mesma.
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