segunda-feira, 23 de julho de 2012

serenidade

Na festa, o concerto improvisado ia começar. O cantor-aniversariante fazia-se acompanhar de um cavaquinho, uma viola-baixo e um contrabaixo. A mulher, à vista deste último, comoveu-se, sempre gostara daquele instrumento. Entre os muitos presentes, o homem e a mulher sentaram-se a uma certa distância um do outro, cerca de um metro que não equivalia a rigorosamente nada. A música começou e o momento era lindo porque feito com verdade. De súbito, outra mulher abriu caminho e sentou-se aos pés daquele que a primeira amava. Como todas as que estão perdidas de si mesma, investiu nele como depois faria com tantos outros. O homem, sem jeito, respondeu educado e finalmente levantou-se procurando um espaço ao lado da que considerava sua mulher. Depois disso dançaram a noite inteira como se não houvesse tempo. Afinal, a presença de outros seres menos felizes não os afectava, a serenidade que sentiam permitia que os vissem mas não que se sentissem afectados por eles. Eles sabiam a quem pertencia o seu coração.

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