quarta-feira, 4 de julho de 2012

formas de estar

As duas mulheres entraram no edifício. Na recepção, não precisaram de dizer nada uma à outra: os tectos baixos, as paredes forradas de madeira escura, a iluminação artificial, fizeram as vezes das palavras. As mulheres seguiram o homem gordo, a mais crescida como se tomada de uma velocidade súbita e fechando a cara, a outra entre uma vontade irreprimível de rir e um sufoco que se avolumava na garganta e no peito. Por fim saíram á rua, dando graças ao sol, ao oxigénio e a uma vida que existia fora daquelas paredes. Uma pequena dor de cabeça tinha contudo vingado. Na verdade era normal, disse uma delas, tinham por momentos sentido a sensação de estar fechadas num caixão, em vida. As duas concordaram que muitas empresas eram mesmo assim. E essa não era em definitivo, a forma de estar de nenhuma das duas: sabiam que no momento de partir preferiam ser lançadas em cinzas ao vento ou ao mar.

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