A mulher sentia-se como um caranguejo pequenino sem querer ser um caranguejo pequenino. Um passo para a frente, o vento empurra, dois para trás. Um passo para a frente, um pau impede, dois para trás, voltar sempre ao mesmo sítio.
A mulher não gostava de se sentir caranguejo e muito menos pequenino. Uma decisão poderia ser a de partir uma das patas para não insistir em andar mas essa não queria, já a tinha visto antes numa outra mulher-caranguejo, tinha obrigação de aprender. Antes preferia partir as patas no esforço de avançar, mesmo que fosse coxa, mesmo que mais devagarinho.
O braço esquerdo começou a doer e a mulher reparou como o pescoço estava novamente tenso. Começava a ser um clássico mas pelo menos assim regressava à realidade, sentindo-se menos caranguejo.
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