As palavras andavam a persegui-la. Palavras de ordem, palavras com significados concretos para a sua vida de fora e de dentro, arrumadas em frases que a abanavam pela pertinência. Como se a escolhessem de forma privilegiada ou como se ela tivesse agora a capacidade para reparar mais nelas, as palavras reuniam-se em sentidos que a obrigavam a reflectir todos os dias, sempre a uma velocidade estonteante, como se ela as tivesse de compreender e integrar em simultâneo em momentos milimétricos cujo efeito teria de perdurar, transformando-se em orientações de acção. Pareciam sair dos dicionários da existência, organizando-se numa espécie de rezas ou mantras que deveria tornar conscientes, conservar para si e instrumentalizar, tornar reais.
Olhou para as frases do dia e acrescentou mais uma promessa à sua lista: nunca mas nunca mais voltaria a arranjar desculpas para não viver o que queria viver, não realizar o que desejava realizar, não ser a mulher que na essência era.
(obrigada Pat por esta imagem)
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