A minha máquina fotográfica chegou sã e salva na sexta-feira. Hoje, deleitei-me a contemplá-la, feliz por tê-la de volta. Não se pense que é um modelo ultra-sofisticado ou mega-caro, daqueles que nos arrepiam em cada disparo só de pensar o quanto nos custou. Nada disso; é uma Canon que imita as dos anos 50, muito fácil de utilizar e com uma nitidez e resolução espantosas. Mas as razões da minha tristeza quando a julguei perdida, não foram essas. Tinham sobretudo a ver com o facto de pensar que teria ficado sem as imagens irrepetíveis dos meus filhos nestas férias.
Não tenho apego às coisas. Aliás, durante muito tempo, primei por uma considerável falta de respeito pelo vil metal, o que me colocava numa categoria bastante perigosa, próxima da insconsciência. Hoje em dia, não sou tanto assim. Tenho filhos e portanto responsabilidades, trabalho por conta própria, cumpro consciente (e infelizmente) com as minhas obrigações de contribuinte. Ainda assim, tenho desapego aos objectos. Para mim, são isso mesmo: coisas. Podem-se substituir, não me dão carinho, companhia e muito menos felicidade, a não ser a momentânea, e podem-se dar a quem precisa delas. Por isso, não consigo ter uma peça de roupa no armário durante duas estações sem a vestir; as minhas amigas adoram as minhas rentrées porque sabem que herdarão certamente muitos vestidos, malas e sapatos. Também por isso, adoro viajar com uma mala pequena que se restrinja ao essencial, sempre bonito, bem escolhido e combinado, claro. Pouco não quer dizer obrigatoriamente falta. É claro que tenho objectos dos quais não me consigo desfazer mas estão sempre ligados a momentos especiais que vivi com alguém. O meu apego é às pessoas, mais nada.
Talvez por isso costumo dizer que, em matéria de objectos tenho tudo aquilo de que preciso e gosto, e até algumas coisas a mais. Em matéria de pessoas, ainda me falta muito por descobrir. Sensação boa.
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