Se não mo tivessem recomendado provavelmente passaria ao lado e julgá-lo-ía injustamente como mais um livreco de auto-ajuda cheio de clichées e frases óbvias, prontas a consolar e dar segurança ao mais básico dos seres humanos. Confesso que o comprei meio descrente e agora engulo com preceito o sapo dos julgamentos à pressa. Vai valer a pena é, em escrita simples e escorreita, um livro que nos demonstra como não sabemos lidar com o casamento, o quão pouco preparados estamos para ele e, mais grave, o ínfimo que fazemos para nos preservar a nós próprios e garantir a nossa felicidade. Mas ali também se percebem as razões para que não saibamos fazer tanta coisa; entre elas, o facto de o casamento ser algo demasiado recente na história da espécie humana e o divórcio ainda mais, o que não nos permite ter armas para poder tomar decisões com segurança. Contudo, o que o afasta do meu preconceito inicial são duas coisas: não se prometem casamentos de contos de fadas para os quais apenas é necessário encontrar o príncipe ou a princesa encantados. Não. Nas letras de Joaquim Quintino Aires, os príncipes e princesas de cada um são eles próprios. E, o que poderia ser também tema fácil (e é-o em muitas edições de conteúdo de revista côr-de-rosa), também não se menospreza o casamento. Mais uma vez, não. O casamento é apresentado como uma das mais perfeitas formas de desenvolvimento pessoal. A diferença é que se insiste ao longo de todo o livro que é isso que ele deve ser; a partir do momento em que se transforme numa fonte de castração ou involução pessoal não deveria ser mantido. Vai valer a pena dá que pensar e pode chegar mesmo a incomodar por nos questionar de maior ou menor maneira. Só que a vida é demasiado curta para se passar por ela sem a ter vivido. É o que eu acho.
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