domingo, 6 de outubro de 2013

verde salgado

A mulher entrou sozinha na festa que acontece todos os anos. Meio nervosa, sem saber o que esperar. Sem que ela nada fizesse as pontes foram-se criando, os amigos recentes, a mãe do amigo do filho, o anfitrião, a mulher do jantar. Era inevitável pensar mas a mulher não queria iludir-se: as pontes estavam lá mas os fios eram muito ténues, ou pelo menos ela via-os assim pela ausência. Talvez se tivesse esquecido, não suportava a ideia mas talvez fosse isso mesmo, um texto chamado black. A mulher abandonou a festa muito tarde. Confusa, não conseguia regressar a casa de imediato; dirigiu-se ao rio, olhou as águas e pensou que talvez tivesse sonhado toda a beleza. Então, os olhos dela transformaram-se num mar de água salgada que se derramou para dentro do rio. As águas ficaram mais verdes.

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