A mulher dormiu a noite toda numa espécie de mar escuro onde não cabiam sonhos. Pela primeira vez em algum tempo a fantasia não a enfeitiçara; ela abandonara-se ao sono procurando refazer estruturas, renovar outras, reciclar o que era verdade, deitar fora o que era mera ilusão ou mentira. Tinha que se fortalecer. A grande mudança esperava-a e era ela, só ela, a arquitecta, como alguém lhe dissera uma vez.
Antes de acordar completamente, a mulher olhou o mar escuro em baixo e percebeu que o fundo já estava mais longe. A ascensão começara. Faltava pouco para chegar à luz.
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