Ao final da tarde, a temperatura ainda não tinha caído. A mulher, sentada na esplanada sem carácter da Universidade, virava as páginas como se, afinal, conhecesse o autor; como se o tratasse por tu. Sem dar pelo calor, indiferente ao vai-e-vem dos adolescentes, lia com prazer as palavras que ontem lhe tinham parecido ilegíveis, incompreensíveis, quase censoras da sua própria natureza. Tudo fazia sentido. Mais, chegava a ser interessante. Uma brisa virou duas folhas mais à frente: a mulher percebeu que bastava por hoje. Satisfeita, fechou o livro. A caminho do carro reflectiu em como era engraçada, a sensação. Pela certa devia ser semelhante àquela que sentira na primeira vez que conseguira ler um texto, compreendendo o seu significado.
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