Era Dezembro.
O miúdo tinha 5 anos numa das muitas viagens nossas a caminho do colégio. No banco de trás, com voz séria, disse-me:
- Sabes, mãe, já sei que não são os Reis Magos quem nos oferece os presentes no Natal.
"Merda", pensei com um aperto no peito, "quem terá sido o idiota que lhe estragou o sonho do Natal com a verdade?".
Perguntei, a medo:
- Então, quem achas que é...?
- Ó mãe, tu sabes...!: É o Pai Natal!!!!
Suspirei de alívio, a medida da minha felicidade no tom da resposta dele.
Passámos os poucos metros de distância que nos separavam da escola a especular sobre como o dito senhor descia pela chaminé, como fazia quando as casas não a tinham, se tinha ou não de fazer pelo menos um bocadinho de dieta todos os anos para poder caber em lareiras, janelas, buracos na parede ou portinholas de gato.
Natal, é isto mesmo. Acreditar em presentes reais ou fictícios, materiais ou metafóricos, mas sempre, sempre, entregues pelas mãos de alguém bondoso e terno que entra pela casa como que por magia.
Natal, é isto mesmo. Aproveitem, se faz favor. E acreditem, seja qual fôr a idade. Tem muito mais graça.
1 comentário:
Ensinas muito ao teu pai.Fszes chegar-me mais Luz !Alberto
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