Sentada no escritório, a mulher relembrou a conversa que tivera horas antes. Os ataques de pânico voltaram á sua memória na descrição dos de outrem, bem como a sensação de perda de controle, de identidade, de juízo. Felizmente, pensou ela, no seu caso eram apenas memórias. Como a memória da jura que fizera para si nesses anos de nunca mais considerar que "há coisas que só acontecem a gente histérica". A loucura faz parte de nós, é uma barreira muito fina que se passa e da qual se regressa mais vezes do que imaginamos. Mas o mais importante é nunca adiar o regresso, era essa a mensagem que quisera transmitir durante a conversa.
O telefone tocou, o trabalho fez-se ouvir do outro lado da linha. A mulher voltou ao trabalho com a voz e a atitude. Ao mesmo tempo, a sua mão direita escrevia na agenda do último dia da semana: "telefonar...M."
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