terça-feira, 1 de setembro de 2009

A cápsula

Sentia-se envolta numa cápsula transparente como se flutuasse invisível aos olhos dos outros. Na Duque de Loulé, tocou à campainha e entrou.
Duas horas depois, saiu, sentindo que a cápsula se partira em mil bocadinhos e que o alívio que imaginara se transformara num cansaço profundo, daqueles que pesam. Conduziu para casa, por vezes aliviando o acelerador, noutras pressionando-o pela saudade dos sorrisos inocentes. A tensão, esperava-a; a culpa colou-se-lhe ao pescoço como corda bem trençada. Não deixou. Afastou-as com as palavras que fazem a força da verdade.
Fez o jantar. Deu banho a quem não sabia tratar de si. Depois, o cansaço trepou, implacável, por ela acima. Contudo, sentia-se limpa. "Dói-me terrivelmente a cabeça", pensou, "É o medo a soltar os seus últimos suspiros".

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