Todos os dias, saímos de casa pouco depois das sete da manhã.
O caminho é longo, mas vamos alternando florestas cerradas de pinheiro-verde-brilhante com imagens de mar mais ou menos revolto, até chegar ao rio lento de automóveis que dia após dia impede que cheguemos à ponte mais bonita do mundo mais depressa.
Hoje o dia acordou cinzento. Muito escuro. Não me importei. Há alturas em que gosto de dias assim. Qualquer coisa no banco ao lado me fez virar a cabeça: olhando para fora da janela, o meu filho fazia malabarismos com a pele da cara, rodava os olhos em posições indescritíveis, abria a boca para lá dos limites. Dei uma gargalhada.
- Estou a fazer caretas ao tempo, mãe. Pode ser que ele se aborreça e vá embora.
Tive a certeza que Deus, Buda ou Ganesha riram no céu também. Ou em toda a parte.
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