segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Abri o alvéolo e só hoje adormeci

Tinha tudo perto e parecia nada alcançar. 
Corria encapsulada dentro de mim inventando misérias, encontrando desgostos, desbravando privações. 
A visão, disforme, oferecia perspectivas alucinógenas sem cor de tanta angústia, sem contornos de tanto medo e desesperança.
No entanto, nada daquilo era meu. Nada disso é meu.
Soube-o hoje à tarde.
Existem Anjos na Terra. 
Eu tenho Uma. Como ela diz, faz-me muita companhia. 
Faz muito mais que isso.
Faz tanto que percebi a brecha no meu alvéolo, a porta absolutamente escancarada do meu alvéolo.
Não pode ser. 
Só eu a posso fechar. E eu quero. 
Quero, para voltar a sentir bonito.
Tenho sono. Tenho muito sono.
Que bom sinal. 
Vou aninhar-me aqui, como eu preciso: sozinha. 
Apenas a minha luz pequenina a ronronar nos meus braços.

 

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