domingo, 21 de setembro de 2008

Há ervilhas que são cor-de-rosa

Quando eu era pequenina, o leite chegava da quinta do meu pai em bilhas grandes de metal, os ovos eram verdadeiramente amarelos e vinham em caixas que tinham sido usadas mil vezes, e as leguminosas entravam pela porta das traseiras em grandes sacos de serapilheira que pesavam como chumbo. Um dos meus grandes prazeres na altura, era fingir um avental e sentar-me na cozinha com a Emília, a nossa empregada de toda-a-vida, a descascar ervilhas. Ela esticava-se e puxava do armário de cima duas taças grandes. Depois, começava a emoção: crac, faziam as vagens ao abrir; fresco, era o odor que se escondia lá dentro; doce, era o sabor dos bagos que não chegavam à taça grande e estalavam, crus, na boca.
Guardo com carinho na memória todas estas sensações. Talvez por isso gosto tanto de ervilhas.
E de certeza que é por isso que me esforço para que os mais pequenos que tenho por perto alguma vez consigam experimentar o mesmo.
O site da Rosa Pomar fez-me voltar a estes momentos. É um blog e também uma loja na qual se vendem peças de retrosaria, onde os bonecos para crianças são feitos de pano e têm flores como olhos, e também babyslings, para que elas andem ao nosso colo bem junto ao coração. É o regresso à simplicidade das coisas, ao tempo que se tem e não se perde, aos gestos tranquilos do antigamente recuperados para os dias de hoje. 
Chama-se a ervilha e como se já não fosse bonito, ainda por cima é cor-de-rosa
www.aervilhacorderosa.com

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