A Senhora tem oitenta e um anos. De físico. De espírito e cabeça é mais jovem que muitos jovens. Quando eu tinha treze anos, colocou um maço de cigarros em cima da mesa e disse
Se quiseres começar a fumar, aqui tens. Sabes o mal que me faz mas nunca precisarás de fazê-lo ás escondidas, se quiseres começar, começa consciente, começa na minha companhia.
A inteligência dela fez com que para mim não existissem frutos proibidos apetecíveis. Entre outras coisas, graças a ela, apenas comecei a fumar aos vinte e um, soube tudo sobre as drogas muito cedo, com a total abertura que sempre demonstrou, certamente pontuada por laivos de receio como todos os das mães de filhos adolescentes mas com uma sabedoria acima da média.
A Senhora foi hoje ao seu controle semestral de um cancro sentido na pele e num pulmão há cinco anos. A Senhora está de perfeita saúde. Obrigada Senhores dos céus porque esta Senhora, com ésse bem grande, é a minha mãe e ainda tem muito para ensinar. E, para quê dizer o contrário, o colo dela, mesmo aos meus quarenta e sete, ainda sabe a benção.
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