Ouço-te com uma voz cansada...
Disse a amiga, do outro lado do éter telefónico.
A mulher desculpou-se com o trabalho, deu uma cambalhota verbal e procurou retirar importância ao conteúdo da pergunta, falando do entusiasmo do projecto em curso. Mas a pergunta mais difícil veio depois
E as tuas escritas...?
A mulher engasgou; foi nesse momento que sentiu o peso das frases não ditas, das histórias não contadas, da saudade de se entregar de alma e coração a personagens nascidos sabe-Deus-de-onde, nascendo, vivendo e morrendo com eles.
Conhecendo o significado do seu silêncio, a amiga rematou:
Tem calma. Tudo tem o seu tempo.
A mulher ficou sem calma ou com a inquietação renascida. Já era um começo.
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