Em Madrid, a noite estava quente e apetecível. Ela estava à porta do restaurante. Conversava com o dono que lhe dizia o quanto gostava de Portugal e o quanto pensava que tinha potencial enquanto país. Ela encolheu os ombros e referiu as últimas medidas anunciadas pelo Governo. Uma sombra de pena passou pelos olhos dele enquanto dizia:
- Conheço bem essas medidas. Os Portugueses... vocês são gente demasiado boa... se essas medidas fossem anunciadas aqui, haveria pelo menos dois levantamentos populares e o governo teria de recuar.
Ela detestou a pena nos olhos dele embora estivesse de acordo com as palavras que a acompanhavam. No fundo, no fundo, era isso que mais a irritava. O acordo. Foi então que pensou 'Será que alguma vez teremos coragem de deixar de gostar de merecer a pena de alguém?'
2 comentários:
Penso que o nosso problema passa por termos um sentimento de culpa, com origem por identificar, que nos coloca sempre numa posição de fragilidade perante as adversidades. A verdade, neste caso, é que acabamos por ter consciência que andámos a viver acima das possibilidades, com todas as facilidades de crédito concedidas num passado recente. É essa consciência que em muito dos difere de outros povos, ou talvez não...(Filipe)
Mas essa tb é a consciência de outros povos! A diferença é que não deixam que a resignação os abata e defendem os seus direitos.
Obrigada pelo teu comentário ; )
Um beijinho,
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