Uma delas tinha avisado: 'vou atirar-me para cima do teu sofá, soltar este cansaço que não me larga, fumar os últimos cigarros da minha vida; por isso, espero que tenhas boas histórias para me contar'. Jantaram juntas e apenas elas, sem precisar de mais ninguém, trocando risos, confidências, derramando rosé gelado na irritação de uma traição de outrem, comovendo-se com pequenas coisas, partilhando a maturidade, descobrindo a paz que é sempre possível reencontrar.
Eram três da manhã quando olharam uma para a outra e quase morreram de riso: definitivamente estavam ambas atiradas para cima do sofá, duas adolescentes crescidas, os joelhos dobrados, os pés nús, o cinzeiro cheio e ainda muito por rir e conversar.
Quando a do aviso saiu, a brisa da madrugada refrescou-lhe a cara. Sentia-se leve como se tivesse deixado nos risos todo o cansaço.
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