O dia estava lindo, a luz das manhãs de Junho de Lisboa a deixar transparecer o ar. A mulher saiu de casa, percorreu a primeira subida. Passou pela parede de grafittis, atravessou a sombra num corredor central com árvores. Desceu a rua de lojas finas, entrou nas arcadas de uma mãe de água, chegou ao largo, entrando da rua que a levaria ao Príncipe. As pessoas foram-se sucedendo, das mais matutinas ás fora de ritmo biológico, mais velhas, mais novas, mais bem vestidas, mais invulgares, mais normais.
Ao chegar ao escritório, a velha moinha nas costas que lhe dizia não fazes exercício há muito tempo saudou-a e deu-lhe os parabéns. Feliz, recomeçou um dia de trabalho com a renovada energia de quem, depois de alguns meses, voltava a sentir a luz e a vida da cidade nos pés. Era o que sempre chamara da sua Terapia do Asfalto, um nome roubado a uma amiga sábia que não via há muito tempo.
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