terça-feira, 25 de janeiro de 2011

pelo menos em paz

Precisava de mudar o cenário. Era urgente, pensou. A mulher arrastou-se então para o ginásio, passou primeiro pelo balneário. Não lhe apetecia os olhares, a avaliação cruel e fria dos olhos femininos que tudo julgam, avaliam e comparam, sobretudo na presença da nudez das outras. No entanto, sentia-se protegida; fechou-se numa bolha imaginária, visualizou-se invulnerável. Entrou na aula com esforço, cumprimentou com esforço, escolheu o seu lugar com esforço. O professor entrou e com o seu jeito amável saudou o seu regresso. A bolha rebentou e a mulher entregou-se então ao seu corpo, despejou a saudade dos gestos conhecidos e dos movimentos há muito não praticados. Quando saiu, compreendeu como estava mais direita e, sem se iludir, percebeu que, se não estava mais alegre, pelo menos, estava em paz.

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