quarta-feira, 17 de novembro de 2010

alma de viajante

Depois de três semanas, a casa nova vai ganhando forma, os objectos adaptando-se ao espaço, aconchegando-se ou reclamando importância. Tomo consciência do valor de alguns, companheiros de fases relevantes da vida, amigos de longa data que não poderia abandonar se algum dia me fosse imposto fugir.

- Se um dia tivesses que sair desta casa e levar apenas um objecto, qual levarias?

- Os cães.

- Os cães não são objectos; tal como os filhos fariam sempre parte da bagagem permitida.

- Então, não sei... talvez a aparelhagem, a bateria ou a televisão.

- Mas só poderias levar um...

- Eu sei, mas vejo a maioria dos objectos apenas como decoração. Por isso, não sei responder. E tu, que levarias?

- As minhas duas chapeleiras antigas. Representam a minha alma viajante, um tudo-nada desenraizada.

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